“Assistimos ao começo do fim. O PT tende a virar um arremedo do PMDB”
(Frei
Beto)
O ex-presidente Lula
estaria a avaliar que em razão do enfraquecimento do processo de impeachment
contra a presidenta Dilma, a grande batalha a ser travada em 2016 será a
reeleição do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, por isso teria determinado
que o PT que dê máxima atenção à disputa paulistana, pois a vitória poderá
marcar o início da recuperação da imagem do partido após o desgaste dos últimos
anos.
Lula acredita
segundo noticia o 247, que a oposição a Haddad está mais fraca do que aparenta,
pois o PSDB e PMDB paulistanos vão para a eleição com disputas e cizânias
internas, Lula estaria a apostar que Haddad reeleito fortalece o PT com vistas
a 2018.
Correta avaliação
de Lula, mas é uma avaliação que tem em perspectiva apenas o processo eleitoral
e, com todo respeito, Lula e o PT têm
responsabilidades maiores que apenas vencer eleições. Lula e o PT têm
compromissos com todos os setores progressistas e com a esquerda na construção
de uma sociedade socialmente justa, de iguais e com o desenvolvimento social e
econômico sustentado e sustentável, fundado em valores que o RAIZ
Movimento Cidadanista oportunamente retoma e que deveria servir de orientação
para toda a esquerda democrática do país.
Bem, Haddad precisa
vencer as eleições porque ele o melhor candidato para a cidade de São Paulo e porque
a capital paulista é paradigma para todo o país em razão da sua complexidade,
merece que lembremos que o
jornal americano "The Wall Street Journal" publicou reportagem em tom
elogioso ao prefeito de São Paulo e às iniciativas relativas à mobilidade
urbana. A matéria diz que "Se o prefeito
(....) de São Paulo, Fernando Haddad, fosse chefe de São Francisco, Berlim ou
alguma outra metrópole que olha para o futuro, ele seria considerado um
visionário urbano", escreveu a publicação. E de acordo com o jornal,
os esforços mais progressistas do prefeito estão em "converter a cidade de 12 milhões de habitantes sufocada pelo trânsito
em uma área amigável para bicicletas e ônibus, (...)".
Mas a esquerda democrática precisa mais do
que vitórias eleitorais, precisa reconciliar-se com seus valores, pois cumpriram-se 13 anos da posse de Lula e seu governo de coalizão
e nesse período muitas coisas boas foram realizadas, algumas excepcionais, mas
é chegado o momento de o PT fazer autocrítica em relação aos erros, debater com
a sociedade os caminhos a serem trilhados e reconciliar-se com seus aliados
progressistas, com a esquerda democrática e com a sociedade, afastando-se
Frei Beto, um dos ícones do PT, tem dito que a
única saída para o partido é voltar às origens e buscar a governabilidade com
os movimentos sociais, sob pena de o PT “virar um arremedo do PMDB”.
Eu penso que a
governabilidade deve ser garantida pela sociedade, como propõe Frei Beto, mas não
se pode ignorar os partidos progressistas e éticos ou por setores éticos desses
partidos. E esses partidos têm de identificar, vencer e banir a burocracia
partidária que vive
em disputa com as lideranças genuínas. Essa erva daninha [a burocracia
partidária] vive nos escaninhos e corredores obscuros da Política, são
parasitas; a burocracia partidária é maléfica, porque ela não tem compromisso
ideológico e se encontra sempre pronta a cerrar os olhos perante os mais
grosseiros erros em Política, se lhe forem garantidos os seus privilégios,
mesmo que essa garantia seja oferecida pelo adversário e não pode haver
privilégios onde o principal é o interesse público.
Não tenho dúvidas sobre o fato de que
o PT foi um dos maiores acontecimentos da história política brasileira de todos
os tempos, pois nasceu da práxis e
não da aristocracia ou academia. Contudo, a História é dinâmica os
acontecimentos não esperam por isso o PT tem de reconciliar-se com sua história
e dialeticamente seguir adiante. O PT nasceu social-democrata, aliado do
socialismo democrático e apoiador dos movimentos sociais progressistas; nasceu critico
ao capitalismo e sua lógica; nasceu democrático e opôs-se, desde o principio,
às experiências totalitárias de esquerda como a soviética.
O PT foi um partido original, hoje é
um partido igual. Mas ele não surgiu para ser igual, por isso o PT deve buscar
ouvir mais e a reconciliar-se com a sociedade e com antigos companheiros, assim
como deve - com humildade - valorizar os pontos de convergência com o PSB,
PSOL, PV, PCdoB, PDT, com os setores progressistas do PMDB e do PSDB (não
podemos esquecer-nos do Bresser Pereira) e com o RAIZ, afinal, como já escrevi,
todos têm muito a dizer, aprender e ensinar, desde que seja com honestidade.
E o governo federal?
Bem, os mais de 35
acordos firmados entre Brasil e China representam a entrada da geopolítica da
política nacional. A parceria que a Presidenta apresenta ao país vai trazer
para o Brasil fábricas de alta tecnologia, ferrovias continentais, satélites,
projetos modernos de telecomunicações, etc., o que segundo Paulo Moreira Leite,
este acordo só tem paralelo com o Plano Marshall. Ou seja, Dilma está a dar “a volta por cima”, pois no Brasil,
apenas um fundo de investimento, criado pela China para atuar no Brasil,
receberá US$ 53 bilhões. O dinheiro não será usado, como foi o Marshall, para
reconstruir pontes e estradas, mas para abrir novas.
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