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Mostrando postagens de janeiro, 2016

Cristovam Buarque, apenas mais um hipócrita

Acabei de reler a entrevista do Senador Cristovam Buarque à Veja. A primeira vez que li não acreditei que Cristovam Buarque, a quem conheci ainda reitor da UNB em 1991 proferindo uma palestra na abertura da Convenção Nacional do PSB daquele ano, pudesse ter sido vencido pelo ressentimento e pudesse ainda prestar-se a falar a um panfleto antidemocrático como Veja. Passaram-se quase 25 anos daquela convenção, onde convivemos intensamente com os depois Ministros Roberto Amaral, Jamil Haddad e Antonio Houaiss, Miguel Arraes, Maria Luiza Fontenele, João Capiberibe, Raquel Capiberibe, dentre outros grandes socialistas do Brasil. Mas ler que Cristovam Buarque é capaz de malandramente descontextualizar o pedido de impeachment contra Dilma e afirmar, hipócrita, que “ impeachment não é golpe, (...)” e que o fato de existirem ministros investigados por corrupção contamina Dilma (mesmo não sendo ela citada), nas suas palavras: “ O nome dela não aparece, mas ela é chefe desse pes

TEMPORADA DE CAÇA A LULA E SUA FAMÍLIA

"Quando, enfim, os bacharéis mais reacionários ocuparam o poder com os militares, coube-lhes encontrar as fórmulas jurídicas para defender o estupro do Estado de Direito"  (Mauro Santayana) Os setores mais conservadores estão assanhados e os incautos os acompanham num movimento que pode visto como um movimento de manada [1] e sob a batuta desses setores conservadores (me refiro aos mesmos setores que no passado "colaram" em Getulio, JK, João Goulart o rotulo de "corrupto" para logo depois darem golpes à democracia) teve inicio a “temporada de caça a Lula e sua família”, agora desavergonhadamente. Mas por quê? Quais interesses esses senhores defendem? Talvez os golpistas e seus interlocutores estejam irritados e se reúnam porque o governo brasileiro distribui renda, como no sistema escandinavo, a fim de sustentar um ainda tímido, mas necessário, “welfare state”, como fez Lula e faz Dilma com o Bolsa-Família, ou invés de deixar-se paut

O TRIBUNAL DO SANTO OFICIO DE CURITIBA.

A situação política instável influi no humor do mercado e dá à crise econômica dimensão ainda maior do que ela tem; há descontentamento da classe média, fomentado diariamente por seguimento importante da imprensa; o país vive a voltas com denúncias de corrupção em órgãos federais, estaduais e municipais. Esses ingredientes compõem o quadro político atual mantendo a classe política, o STF e a sociedade sob forte tensão. Convivemos com surpresas e sobressaltos e sob a permanente fustigação de uma imprensa cada vez mais partidarizada. Mas isso tudo não seria tão trágico se não tivéssemos instalado em Curitiba um Tribunal do Santo Oficio , um “tribunal” que se desqualifica a cada semana como órgão do Poder Judiciário, o que envergonha as polícias, o ministério público e todos os Juízes desse país. Por quê? Porque já ficou evidenciado que o objetivo dos “tomás de torquemada de Curitiba” não é investigar, denunciar e punir corruptos e corruptores, trata-se na verdade de uma caç

A obsessão da Veja por Lula e sua familia.

Mais uma capa da Veja apresenta como “fato consumado” fatos cujo desenvolvimento e procedimento encontram-se ainda em curso, tratando-se de “ fato não-consumado” , portanto. A tal denúncia do promotor Cássio Conserino, informada por Veja como fato consumado, não aconteceu, não foi consumada segundo o próprio promotor. Penso que estamos diante de um caso de obsessão dos editores e diretores da Veja em relação ao Lula.  O substantivo feminino obsessão tem alguns significados que podem explicar muito bem a linha editorial da revista Veja: “1. apego exagerado a um sentimento ou a uma ideia desarrazoada; 2. motivação irresistível para realizar um ato irracional; 3. Compulsão pelo poder e 4. Neurose Obsessivo-compulsiva .”. Não vou debater aqui se Lula é ou não dono do apartamento, pois sei que ele não é proprietário do imóvel, possui sim cotas de uma cooperativa habitacional chamada Bancoop. O contrato de Lula com a cooperativa foi quitado em 2010, e refere-se a um ap

ABSOLUTISMO TUCANO EM SÃO PAULO

"(...) t udo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas, e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos ". (Montesquieu) O conceito da  separação dos poderes   é um modelo de governar cuja criação é datada da antiga Grécia e a   essência desta teoria se firma no princípio de que os três poderes que formam o Estado (legislativo, executivo e judiciário) devem atuar de forma separada, independente e harmônica, mantendo, no entanto, as características do poder de ser uno, indivisível e indelegável.     O objetivo dessa separação é evitar que o poder concentre-se nas mãos de uma única pessoa, para que não haja abuso, como o ocorrido no Estado Absolutista, por exemplo, em que todo o poder concentrava-se na mão do monarca. A passagem do  Estado Absolutista   para   o Estado Liberal  caracterizou-se justamente pela separação d

JOÃO DÓRIA JUNIOR, JABAZEIRO e LOBISTA.

O meu desejo seria poder dizer que João Dória Junior é um desqualificado, mas ele não é. Ele tem suas qualificações, mesmo que elas não se aproximem de qualidades ou de virtudes desejáveis às pessoas que se lançam na vida pública. Aliás, na política ele não é iniciante, afinal foi secretário municipal de turismo e presidente da Paulistur na capital paulista, entre 1983 e 1985, na gestão de  Mario Covas e foi também presidente da  EMBRATUR  e do Conselho Nacional de Turismo entre os anos de  1986 a 1988, no governo do presidente   José Sarney.  Tentou, sem muito sucesso, a carreira de apresentador de televisão, mas nunca passou de um medíocre e desconhecido apresentador de um programa de entrevistas com empresários nas sonolentas madrugadas. Já foi escrito aqui no 247, mas não custa repetir, que suas entrevistas eram inegavelmente “jabás”. E para quem não sabe o Jabaculê , ou simplesmente   jabá , é um termo utilizado na  indústria da música brasileira para denominar

Ousadia e generosidade para vencer a falta de moral e de humanidade.

Não tem sido fácil afirmar-se de esquerda atualmente, pois o neoliberalismo foi virtuoso por quase trinta anos, período em que foram mascaradas as mazelas do capitalismo e forjou-se ideologicamente toda uma geração (jovens abaixo de 35 anos nasceram e cresceram num tempo em que a ideologia neoliberal não sofria contestações e era difundida pela mídia como sendo o “ paraíso na terra ” ), e temos que conviver ainda com o fato de alguns dos quadros da esquerda terem equiparado suas ações às práticas históricas da direita e ao “lambuzarem-se” (como disse Jaques Wagner) deram munição aos desafetos. E ocorreu ainda nesse período a queda do Muro de Berlim e do fim da URSS, fatos históricos apresentados ao mundo como a reconquista da liberdade na Alemanha e nas repúblicas soviéticas. Bem, essa visão de reconquista da liberdade não é totalmente descabida ou equivocada, pois os regimes do leste europeu não merecem admiração quando lembramos  o totalitarismo lá presente e que a experiênc

Michal Kalecki

“A Teoria da Dinâmica Econômica” é a principal obra de Michal Kalecki a respeito das economias capitalistas e constitui leitura indispensável para quem deseja aprofundar seus conhecimentos sobre essas economias. Curioso é que Michal Kalecki, que nasceu em Lodz, em 22 de junho de 1899 e estudou na Escola Politécnica de Varsóvia e depois na de Gdanski, não chegou a graduar-se, se primeiro título acadêmico ele o obteve aos 57 anos de idade, quando, já internacionalmente reconhecido, o governo polonês o nomeou professor universitário; e em 1964 a Universidade de Varsóvia lhe conferiu o título de doutor honoris causa. Foi um autodidata, portanto. Segundo Delfim Neto o que separa Keynes e Kalechi é que o primeiro trabalhou para salvar o capitalismo e o segundo para provar que ele não pode ser salvo [1] , Mas para ambos, ainda segundo Delfim, o maior pecado de uma sociedade é ser incapaz de proporcionar emprego a todos emprego para todos que querem e pode trabalhar, com oferta de