“O Brasil é o único Pais em que além de puta
gozar, cafetão sentir ciúmes e traficante ser viciado, o pobre é de direita”,
essa frase é atribuída a Tim Maia.
Tim, Cantor, compositor, produtor, maestro, multi-instrumentista, sabia causar impacto. Essa frase causou a mim enorme
impacto quando eu a li a primeira vez. Mas vamos adiante...
Bem, antes das
eleições meu filho Mateus e eu tivemos algumas discussões. Ele, simpático ao
PSOL, dizia que o PT não era um partido de esquerda, etc. e tal, mas esse era o
ponto fundamental da nossa divergência.
Eu, naturalmente,
insistia que o PT é um partido de esquerda e que o PSOL, desde o seu nascimento,
é um partido ressentido e doente, incapaz de reconhecer os avanços sociais, um
partido que sofre de “Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo” o que compromete o
seu objetivo estratégico e algumas vezes acaba servindo aos interesses que
pensa combater.
Passadas as
eleições passei a refletir sobre o que debatemos e reformulei o meu argumento.
Sigo afirmando que
o PT é um partido de esquerda. O PT é no Brasil o partido que melhor representa
a social-democracia, na
perspectiva de que ela [a social-democracia] é uma ideologia
política cujo objetivo é o estabelecimento de socialismo
democrático.
O PT pratica uma ação política e defende uma ideologia política de natureza
social-democrata.
A social-democracia,
surgiu no fim do século XIX por
partidários do marxismo que
acreditavam que a transição para uma sociedade socialista deveria ocorrer sem uma revolução, mas
sim por meio de uma gradual reforma legislativa do sistema capitalista a fim de
torná-lo mais igualitário.
É verdade que o
conceito de social-democracia tem mudado com o passar das décadas desde sua
introdução. A diferença fundamental
entre a social-democracia e outras formas de socialismo, como o marxismo
ortodoxo, é a crença na supremacia da ação política em contraste à supremacia
da ação econômica ou determinismo econômico sócio industrial.
No Brasil temos o
PSDB, partido que nasceu para ser social-democrata, mas assim como o Partido
Trabalhista britânico, o Partido
Social-Democrata da Alemanha,
flertou com políticas econômicas liberais, originando o que
foi caracterizado de "Terceira Via", não deu
certo, quem pagou a conta foi a população que herdou deles desemprego alto,
crescimento baixo e um Estado raquítico e incapaz de atuar validamente.
Essa aproximação
do PSDB e dos liberais gerou por aqui, além de grande controvérsia e uma grave
crise de identidade entre os membros e eleitores desses partidos. A perda de
rumo do PSDB, que hoje é um partido conservador, fez com que os setores mais
conversadores da população, setores avessos ao socialismo, vejam-se
representados pelo PSDB. O PSDB não é social-democrata, é na verdade um partido
liberal, liberal na linha da Escola de Chicago, defendida pelo
professor Milton Friedman.
Os partidários do
PSDB admiram o governo de Margaret Thatcher. É
bom anotar que o
primeiro governo democrático a se inspirar em tais princípios foi o de Margaret Thatcher na Inglaterra, a partir de 1980, precedida apenas por Pinochet e seus Chicago Boys, no Chile, no
início da década de 1970.
Os neoliberais apontaram o modelo keynesiano, ou
social-desenvolvimentista que o PT pratica como sendo inadequado ou
irresponsável e denunciam a inflação como sendo o resultado do aumento da
oferta de moeda pelos bancos centrais. Responsabilizam os impostos elevados e
os tributos excessivos, juntamente com a regulamentação das atividades
econômicas, como sendo os culpados pela queda da produção e do aumento da
inflação. E propõe como solução a redução gradativa do poder do Estado, com a
diminuição generalizada de tributos, a privatização das
empresas estatais e redução do poder do Estado de fixar ou autorizar preços.
Mas não contam que um dos efeitos disso tudo é a elevação da dívida pública.
A Internacional Socialista definiu a social-democracia como
forma ideal de democracia representativa, que pode solucionar os problemas
encontrados numa democracia liberal, enfatizando os seguintes princípios para
construir um estado de bem-estar social: primeiro, a liberdade inclui não
somente as liberdades individuais, entendendo-se por "liberdade"
também o direito a não ser discriminado e de não ser submisso aos proprietários
dos meios de produção e detentores de poder político abusivo; segundo, deve
haver igualdade e justiça social, não somente perante a lei mas também em
termos econômicos e socioculturais, o que permite oportunidades iguais para
todos, incluindo aqueles desfavorecidos física, social ou mentalmente e finalmente,
defende ser fundamental que haja solidariedade
e que seja desenvolvido um senso de compaixão
pelas vítimas da injustiça e desigualdade.
No Brasil, apenas um partido político – o Partido Democrático Trabalhista (PDT) – integra a Internacional Socialista, muito graças a Leonel Brizola. A
Internacional Socialista é órgão que reúne partidos identificados como
representantes da ideologia social-democrata em todo o mundo. O PTB,
pasmem, também se define como representante da social-democracia, apesar de ser
hoje um partido de prática de centro-direita.
Podemos
dizer, aguardando as críticas, que no país em que além
de puta gozar, cafetão sentir ciúmes e traficante ser viciado, o pobre é de
direita os partidos socialistas (PPS e PSB) estão flertando com os liberais
(direita), o partido social-democrata (PSDB) é liberal e de direita, o PT - Partido
dos Trabalhadores, que se pretende socialista, é na verdade social-democrata,
portanto, assim que o PSOL vencer o ressentimento e sarar do esquerdismo ele
poderá, ao lado do PCdoB, representar a esquerda de forma legitima, mas não
antes disso.
Boa semana a
todos.
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