Pular para o conteúdo principal

O papel do Estado e as privatizações

Na avaliação da UNEP (United Nations Environment Programme, 2011), "os governos nacionais têm um papel-chave a desempenhar na promoção do desenvolvimento sustentável mediante a adoção de políticas e medidas de estímulo a iniciativas sustentáveis, que favoreçam a melhoria nas condições de vida da população e reduzam a desigualdade social, preservando o meio ambiente de modo a evitar que as gerações futuras sejam expostas a riscos ambientais significativos"

Uma das politicas públicas desenvolvidas, desde o governo Collor até o final do Governo FHC, foi a chamada "politica de privatizações". Há uma lógica na sua implantação. A lógica é a transferência para setor privado de patrimônio público pelo simples fato de fazê-lo, cacarejando que o setor público é ineficiente.

Privatização ou desestatização foi o processo de venda de uma empresa ou instituição do setor público - que integrava o patrimônio do Estado - para o setor privado, geralmente por meio de leilões públicos. No Brasil, o processo de desestatização consistiu principalmente em tornar o Estado um sócio minoritário e sem poder de interferência significativo, pois grande parte das empresas já eram de capital aberto e negociadas em bolsa de valores e o Estado Brasileiro, através do BNDES, continuou como sócio minoritário.

O jornal O Globo publicou em outubro de 2011 matéria sobre os vinte anos de privatização de empresas estatais. A matéria revela que as empresas privatizadas responderam por um faturamento de R$ 300 bilhões em 2010. A dólar de dezembro do ano passado, US$ 177 bilhões. 

E pasme leitor: o total da receita com as privatizações desses mesmas empresas, de 1991 a 2002, somou US$ 87,5 bilhões: US$ 59,5 bilhões em privatizações federais e US$ 28 bilhões em privatizações estaduais. 

Ou seja, metade do faturamento de um só ano destas empresas. 

Diz o jornal que as empresas foram vendidas para reduzir o endividamento do Estado brasileiro. Falácia! 

A dívida líquida do setor público no Brasil, em 1991, era de US$ 144 bilhões. 

Em 2002, com tudo que a privatização deveria ter “abatido” deste valor, era de US$ 300 bilhões. Grande negócio, não? Mas não para o país, especialmente porque o capital dessas empresas é composto de companhias internacionais. A VALE, por exemplo, tem 62% de participação no seu capital de sócios estrangeiros

Vejam bem: deviamos 144 BI, venderam empresas por 59,5 BI e, em 2002 ao final do ciclo FHC a divida era de 300 BI... Alguém acha que o dinheiro das privatizações abateu a divida liquida do setor público?


Nem privatizar em sí não é pecado, mas vender mal, seja entregando o que é estratégico, seja fazendo isso na bacia das almas, por valores irrisórios, é. Acima vemos uma noticia de janeiro de 1999... O todo poderoso Zylbersztajn pretendia "encolher" (leia desvalorizar) a PETROBRAS para vendê-la. Qual a lógica?

Dever, quando se paga juros módicos, pode ser o caminho para o desenvolvimento e o progresso, mas pagando juros extorsivos, como fez FHC é o caminho da escravidão ao rentismo de toda uma nação. 

A grande maioria das privatizações foi feita com financiamento público, com uma elevação brutal das tarifas cobradas nos serviços públicos, não se conservou participação do Estado nem para dirigir estrategicamente as suas atividades, nem para participar dos lucros que produziam. Um crime, um roubo. 

Estamos pagando caro, muito caro, e ainda pagaremos por muitos anos por este período de vergonha da história brasileira, o período de equívocos de FHC e sua trupe. Não foi uma estratégia, foi uma liquidação, uma entrega desavergonhada do que pertencia ao povo brasileiro. Não fosse o governo Lula talvez a PETROBRAS, o BANCO DO BRASIL, a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL E OS CORREIOS também teriam sido privatizados (e não confundam concessão com desestatização, por favor).

Comentários

  1. Muito bom seu texto. Privatizações são boas em certos setores , mas não devemos desvalorizar as empresas estatais. Nosso governo que é irresponsável mesmo. Na noruega , as empresas estatais em setores-chave são de grande valor para a economia. Se a petrobras tivesse profissionais de verdade no comando e visando sempre o lucro da empresa,cresceria horrores. Mas na verdade , petrobras só serve para dar um bom cargo aos camaradas do PT.

    ResponderExcluir
  2. Concordo com isso o estado deve funcionar apenas como orgão regulador , e com isso acabaram muitos cabides de empregos nessas empresas ........Essas empresas nas mãos da iniciativa PRIVADA ja estão dando lucros e mais empregos ,isso não estaria acontecendo se elas estivesse em poder do estado nas mão dos politicos em troca de votos .......

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Amigo, obrigado por comentar. Veja esse outro post do meu blog:
      http://odireito-oavesso.blogspot.com.br/2012/09/herancas-da-quadrilha-de-fhc-e-serra.html

      Excluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

A BANDA DE MUSICA DA UDN

A BANDA DE MUSICA da UDN foi apropriada por setores do PSDB, aguardemos, mas penso que não vão sequer mudar o repertório.  Para quem não lembra a  A  banda de música  da  União Democrática Nacional  foi um grupo de oradores parlamentares à época da constituição brasileira de  1946  até  64 , arrogantes, conservadores e conhecidos por fustigarem os sucessivos governos do  Partido Social Democrático  e do  Partido Trabalhista Brasileiro , ou seja, foram oposição a GETULIO, JK e JANGO. Seus nomes mais notáveis foram  Carlos Lacerda ,  Afonso Arinos de Melo Franco ,  Adauto Lúcio Cardoso ,  Olavo Bilac Pinto ,  José Bonifácio Lafayette de Andrada ,  Aliomar Baleeiro  e  Prado Kelly  .

SOBRE PERIGOSO ESTADO MINIMO

O governo Temer trouxe de volta a pauta neoliberal, propostas e ideias derrotadas nas urnas em 2002, 2006, 2010 e 2014. Esse é o fato. Com a reintrodução da agenda neoliberal a crença cega no tal Estado Mínimo voltou a ser professada, sem qualquer constrangimento e com apoio ostensivo da mídia corporativa. Penso que a volta das certezas que envolvem Estado mínimo, num país que ao longo da História não levou aos cidadãos o mínimo de Estado, é apenas um dos retrocessos do projeto neoliberal e anti-desenvolvimentista de Temer, pois não há nada mais velho e antissocial do que o enganoso “culto da austeridade”, remédio clássico seguido no Brasil dos anos de 1990 e aplicado na Europa desde 2008 com resultados catastróficos. Para fundamentar a reflexão e a critica é necessário recuperarmos os fundamentos e princípios constitucionais que regem a Ordem Econômica, especialmente para acalmar o embate beligerante desnecessário, mas sempre presente. A qual embate me refiro? Me ref

Convalidação de atos administrativos

O Princípio da Legalidade é o princípio capital para configuração do regime jurídico administrativo, enquanto o Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o interesse privado é da essência de qualquer Estado, de qualquer sociedade juridicamente organizada com fins políticos. E por não ter observado esse conceito e um Decreto Municipal o jovem ex-Diretor de Cultura de Campinas Gabriel Rapassi foi sumariamente exonerado e a autorização por ele expedida para que o circo Le Cirque apresentasse seus espetáculos na “Praça Arautos da Paz” invalidada pelo Secretário de Cultura Bruno Ribeiro. Penso que a exoneração foi acertada, mas a invalidação da autorização foi um erro. Em razão disso (i) a companhia circense acabou notificada a desocupar a praça, mesmo já estando lá instalada e em vias de dar iniciam aos espetáculos, (ii) a cidade ficou sem essa possibilidade de entretenimento e (iii) o dono do Circo, provavelmente patrocinado por interesses nada republicanos ou democráticos, p