Pular para o conteúdo principal

Ditadura do Judiciário?



José Joaquim Gomes Canotilho, professor português de direito constitucional recentemente se mostrou perplexo com os avanços do Supremo no Brasil, pelo fato de não existir um órgão que possa corrigir as nossas decisões da corte constitucional. Na opinião do Ministro Marco Aurélio de Mello o STF precisa ter uma responsabilidade maior.

O Ministro, ao analisar o ato do ministro da Justiça, Tarso Genro, de ter concedido refúgio a Cesare Battisti, afirma que está havendo atropelo quanto ao exame do ato de refúgio, o que nunca teria ocorrido no STF. O Ministro Marco Aurélio afirma que quando o voto do relator afirma que o presidente da República estará obrigado a entregar o extraditando há um grande equivoco, pois asilo e refugio estão contidos na categoria da política internacional e quem conduz a política internacional não é o Poder Judiciário.

Marco Aurélio cita como exemplo que o presidente Sarkozy, da França, em relação a uma italiana que a corte declarou a legitimidade do pedido de extradição, ele concedeu o asilo. Porque o asilo e o refúgio estão no grande todo que é a política internacional. Quem conduz a política internacional não é o Supremo, não é o Judiciário, é o Executivo.

A nossa Constituição, nossa República, está assentada na separação dos Poderes. Os Poderes são independentes e harmônicos e em tempos de judicialização da política não podemos deixar que a politização do judiciário ocorra.

O STF não é infalível e não lhe cabe o pela de censor da República de uma forma gera, nesse sentido. A atuação do STF é vinculada ao direito posto, à Constituição Federal. É verdade que o STF está se transformando num superpoder, como sinalizado pelo professor Canotilho diante de certa inércia do Legislativo. Mas a sociedade pode reagir reconhecendo o fato e cuidando para que a meritocracia e a burocracia institucional não sejam vistas com mais respeito que a democracia.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

DA FAMÍLIA CORLEONE À LAVA-JATO

A autolavaggio familiare agiu e reagiu, impondo constrangimento injusto ao atacar a reputação de advogados honrados. Me refiro a Roberto Teixeira e Cristiano Zanin. Já perguntei aqui no 247 [1] : “ Serão os jovens promotores e juízes "de baixa patente" os novos tenentes" Penso que sim, pois assim como os rebeldes do inicio do século XX, os jovens promotores e juízes, passaram a fazer política e interferir nas instituições e estruturas do Estado a seu modo. Mas em alguns momentos as ações e reações deles lembram muito a obra de Mario Puzzo. As ideais dos rebeldes do início do século XX, assim como dos promotores e juízes desde inicio de século XXI, eram ao mesmo tempo conservadoras e autoritárias; os tenentes defendiam reformas políticas e sociais - necessárias naquele momento -, e no discurso estavam presentes os sempre sedutores temas do combate à corrupção e defesa da moralidade política. Deltan Dallagnol e Sérgio Moro representam os jovens promotores e juízes d...

INDEPENDÊNCIA? QUAL?

Aprendemos que no dia 7 de setembro o Brasil emancipou-se e que, por ato de bravura e nacionalismo de um príncipe português, libertou-se do jugo do colonizador. Será? Mas  somos de fato uma nação i ndependente? A nossa carta política é conhecida e respeitada por nossos lideres? Bem, de 1985 a 2013 é possível dizer que sim, mas depois da visita de Joe Biden em 2013 e das marchas de junho do mesmo ano, depois da operação Lava-Jato e do golpe de 2016 podemos dizer que vivemos em um estado de permanente risco de ruptura institucional, com militares assanhados pelo retorno de um regime autoritário. É possível fazermos um paralelo entre o IPES , o IBAD e a Operação Brother Sam , com o MBL e seus pares, a propaganda nas redes via fake news e a Operação Lava-Jato, apesar do lapso de cinquenta anos, é possível afirmar que ambas tem a origem na sanha imperialista estadunidense, inaugurada em William Mckinley. Fato é que a partir de meados dos anos 1950 (assim como em 2003), o Bras...

SOBRE PERIGOSO ESTADO MINIMO

O governo Temer trouxe de volta a pauta neoliberal, propostas e ideias derrotadas nas urnas em 2002, 2006, 2010 e 2014. Esse é o fato. Com a reintrodução da agenda neoliberal a crença cega no tal Estado Mínimo voltou a ser professada, sem qualquer constrangimento e com apoio ostensivo da mídia corporativa. Penso que a volta das certezas que envolvem Estado mínimo, num país que ao longo da História não levou aos cidadãos o mínimo de Estado, é apenas um dos retrocessos do projeto neoliberal e anti-desenvolvimentista de Temer, pois não há nada mais velho e antissocial do que o enganoso “culto da austeridade”, remédio clássico seguido no Brasil dos anos de 1990 e aplicado na Europa desde 2008 com resultados catastróficos. Para fundamentar a reflexão e a critica é necessário recuperarmos os fundamentos e princípios constitucionais que regem a Ordem Econômica, especialmente para acalmar o embate beligerante desnecessário, mas sempre presente. A qual embate me refiro? Me ref...