“Os recursos (...) estão a ser depredados
também por causa de formas imediatistas de entender a economia e a atividade
comercial e produtiva. ” (Papa Francisco).
Campinas tem muito orgulho da sua
companhia de tratamento de água e esgoto; temos orgulho da SANASA, uma das
principais companhias do seu segmento no país.
A SANASA, cuja missão é
contribuir para a qualidade de vida da população de Campinas, atender às
necessidades atuais e futuras de saneamento básico, planejar e promover ações
para o saneamento ambiental municipal, participar de atividades vinculadas ao
saneamento no âmbito nacional e internacional e desenvolver ações voltadas à
responsabilidade socioambiental, é instrumento fundamental para o
desenvolvimento sustentável e integral de nossa cidade e é inspiração para toda
RMC.
A questão ambiental e a
sustentabilidade a estruturar o desenvolvimento são questões fundamentais,
tanto que na encíclica Laudato Si’ o Papa
Francisco trata da questão ambiental e nos lembra que ao tempo da Guerra Fria,
quando havia o risco de uma crise nuclear e destruição ou degradação da
natureza e de parcela da humanidade, o Papa João XXIII escreveu uma encíclica na qual transmitiu uma
proposta de paz, na sua mensagem Pacem in terris conversou com todas as
pessoas a todo o mundo, católicos ou não.
Francisco lembrou também que o Papa Paulo VI tratou da questão ecológica como uma crise de
consequências dramáticas, pois a exploração desmedida da natureza expõe o ser
humano ao risco de destruir-se e à humanidade, falou da possibilidade duma “catástrofe
ecológica sob o efeito da explosão da civilização industrial” e ressalvou a “necessidade
urgente duma mudança radical no comportamento da humanidade”, porque “os
progressos científicos mais extraordinários, as invenções técnicas mais
assombrosas, o desenvolvimento económico mais prodigioso, se não estiverem
unidos a um progresso social e moral, voltam-se necessariamente contra o homem”.
O Papa João Paulo II também se dedicou à questão ecológica na sua primeira encíclica e advertiu que o ser humano
parecia “não dar-se conta de outros
significados do seu ambiente natural, para além daqueles que servem somente
para os fins de um uso ou consumo imediatos”, para noutro momento convidar
a todos para uma conversão ecológica global. João Paulo II
teria lamentado o pouco empenho da humanidade em “salvaguardar as condições morais de uma autêntica ecologia humana”,
pois a destruição do ambiente humano é um fato muito grave, por isso, propôs
uma atitude de cuidar e melhorar o mundo, a começar pelo nosso estilo de vida, pela
mudança dos modelos de produção e de consumo (assim como das estruturas
consolidadas de poder, que hoje regem as sociedades), pois o progresso humano autêntico possui um caráter
moral e pressupõe o pleno respeito pela pessoa humana, mas deve prestar atenção
também ao mundo natural e ter em conta a natureza de cada ser e as ligações
mútuas entre todos, num sistema ordenado.
Até o conservador Bento XVI falou em “eliminar as causas estruturais das
disfunções da economia mundial e corrigir os modelos de crescimento que parecem
incapazes de garantir o respeito do meio ambiente” e criticou o desperdício, numa clara
reflexão sobre o consumo que nos consome e degrada.
O Papa Francisco trata como urgente
a proteção da natureza e das coisas comuns através de um novo modelo de desenvolvimento
sustentável e integral, especialmente a questão da água. A construção e a
defesa das coisas comuns são tarefas nossas, pois as consequências da degradação
ambiental na vida humana é uma enorme tragédia, especialmente para os mais pobres
e as futuras gerações só terão uma vida se mudarmos de verdade e passarmos a
proteger o meio ambiente e nesse contexto nos preocuparmos com o sofrimento dos
excluídos.
Voltemos à questão
da água.
Indicadores preveem a impossibilidade de sustentar o nível atual de
consumo de água, seja nos países mais desenvolvidos, nos setores mais ricos da
sociedade (onde o hábito de desperdiçar atinge níveis constrangedores) ou nos
países pobres e nos setores mais humildes.
A água potável e limpa constitui uma questão de
primordial importância, porque é indispensável para a vida humana e para
sustentar os ecossistemas terrestres e aquáticos.
Um problema particularmente sério é o da qualidade
da água disponível para os pobres, que em muitos lugares ceifa muitas vidas. Há
relatos da ocorrência de doenças relacionadas com a água em razão de serviços
de higiene e reservas de água inadequados (os quais constituem um fator
significativo de sofrimento e mortalidade infantil), essa é uma realidade
distante de Campinas graças à SANASA, mas está presente em muitos lugares,
alguns não tão distantes da nossa cidade. Daí a importância da
Secretaria do Verde em Campinas e integração de seus projetos e políticas com a
SANASA, Educação, Planejamento, etc.
Em alguns lugares cresce a equivocada tendência
para se privatizar este recurso escasso, tornando-o uma mercadoria sujeita às
leis do mercado. Na realidade, o acesso à água potável e segura é um
direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a
sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros
direitos humanos.
No que diz respeito à qualidade da água é
importante que se registre o trabalho desenvolvido pela SANASA aqui em
Campinas, bem como a lucidez do Prefeito Jonas Donizete acerca da importância
estratégica da companhia com as características que tem, não apenas para
cumprir adequadamente sua missão, mas especialmente para contribuir com a
construção de uma cidade num modelo de desenvolvimento sustentável e integral.
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