“A elite brasileira é
engraçada. Gosta de ser elite, de mostrar que é elite, de viver como elite, mas
detesta ser chamada de elite, principalmente quando associada a alguma mazela
social. Afinal, mazela social, para a elite, é coisa de pobre.”[1] (Antonio Lassance)
Acredito que toda desigualdade no país é
responsabilidade de sua elite.
Há muito ódio à vista hoje em dia, ódio semeado e
cultivado pela elite, um ódio que ataca nordestinos, negros, analfabetos,
mulheres e outras minorias; trata-se um ranço de classe, de uma elite que nunca
aprendeu a conviver com o povo, pois nunca quis conhecer e compreender a beleza
e grandeza do povo brasileiro.
O Brasil possui uma elite tão medíocre que sequer admitiu
a abolição da escravatura; tão burra que “Bolsa Família” para ela é uma
revolução socialista e investimentos sociais é desperdício de dinheiro público.
A elite brasileira é atrasadíssima, ignorante e semeia ódio.
O povo é muito melhor que a elite.
Tanto é verdade que enquanto o capitalismo se
modernizava na Europa o Brasil, dos séculos XVIII e XIX, seguia orientado por
sua elite patrimonialista e atrasada, sobrevivendo da monocultura e do trabalho
escravo, sem projeto de nação.
É possível afirmar que o atendimento aos interesses da
elite brasileira atrasou a industrialização no Brasil, basta lembramos que o café, constituiu-se como
principal produto de exportação do país, chegando quase a preencher toda a
pauta de exportação.
A elite nacional, que tem em seu currículo apoio a todos os movimentos antidemocráticos
de nossa História, apóia hoje em dia o Golpe de Estado travestido de legalidade
e parece não se incomodar com os abusos cometidos pelo pessoal de Curitiba ou
com o Estado totalitário que se insinua.
PRIMEIRA
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL[2].
E podemos lembrar que a Primeira Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra, ainda no
século XVIII, quando a elite nacional orientava o “desenvolvimento” nacional
como colônia de Portugal. Por volta de 1830, a Primeira Revolução
Industrial se completou na Inglaterra, e daí migrou para o continente europeu.
Chegando à Bélgica e França, países próximos do arquipélago britânico. Por
volta de meados do século XIX, atravessou o Atlântico e rumou para os Estados
Unidos. E, no final do século, retornou ao continente europeu para retomar seu
fio tardio na Alemanha e na Itália, chegando, também, ao Japão. Mas por aqui
nossa elite “cheirosinha” impediu qualquer desenvolvimento.
O ramo característico da Primeira Revolução Industrial é o têxtil de
algodão. Ao seu lado, aparece a siderurgia, dada a importância que o aço tem
na instalação de um período técnico apoiado na mecanização do trabalho. As
imagens marcantes desse período são a máquina de fiar, o tear mecânico, todas movidas a
vapor originadas da combustão do carvão, a forma de energia principal desse
período técnico. O sistema de transporte característico é a ferrovia, além da
navegação marítima, também movida à energia do vapor do carvão. A base
do sistema é o trabalho assalariado, cujo cerne é o trabalhador por ofício.
Por isso, para compreender o que era o Brasil nos séculos XVIII e XIX, o
atraso aqui instalado e a responsabilidade da elite, temos de pensar nos moldes
em que o Estado Nacional brasileiro foi se construindo. Olhar para a estrutura
do poder, para a manutenção das desigualdades sociais e para a concentração de
riqueza nas mãos de poucos, para a repressão, para a passagem do modelo de
corte do 2o Reinado para a república dos coronéis no século XX, tudo sem
qualquer participação popular. O povo nunca foi verdadeiramente preocupação da
elite até a eleição de Lula.
SEGUNDA REVOLUÇÃO
INDUSTRIAL.
Mas voltemos ao século XIX.
Enquanto nossa elite escravocrata estava preocupada em
manter seus “ativos” as mudanças no mundo seguiam, tanto que a partir de 1.870,
novas mudanças aconteceram na economia da Europa. As transformações se basearam
na descoberta de novas fontes de energia e nos avanços científicos e técnicos.
Começava a segunda Revolução Industrial. A base dessa
segunda fase industrial foram duas novas fontes de energia: a eletricidade e o petróleo.
Mas o Brasil seguiu seu caminho medíocre determinado
por sua elite, tanto que durante quase todo o século XIX prosseguiria o lucrativo e odioso
comércio de escravos, sem nenhum peso na consciência.
É verdade que o Império, tendo à frente D. Pedro II, encontrava-se num dilema,
de um lado a pressão externa européia, em especial da Inglaterra, para eliminar
a escravidão e seu comércio, e de outro lado a pressão interna por sua
manutenção; a abolição de tal prática significaria a perda de sua maior fonte
de apoio, os grandes latifundiários escravagistas, causando conseqüentemente o
fim da Monarquia. Assim, a situação arrastou-se até 1888, com a abolição tardia
da escravidão, e o igualmente previsível resultado de queda do Império; ou
seja, o fim da monarquia e a implantação da republica não foi uma decisão do
povo e sim da elite ressentida.
REFORMA AGRARIA.
No Século XIX nos EUA ocorria outro fato que considero de enorme relevância
para compreender o caráter corrosivo da nossa elite.
Para ocupar o oeste
norte-americano por colonos de todas as partes do país e do mundo, o presidente
Abraham Lincoln sanciona em 20 de maio de 1862 o Homestead Act (Lei da Fazenda
Rural). Tratou-se de um programa destinado a conceder terras públicas a
pequenos fazendeiros a baixo custo. A lei concedia 160 acres – 650 mil metros
quadrados – a todo solicitante, desde que fosse chefe de família e tivesse 21
anos ou mais, e garantisse permanecer e trabalhar a terra por no mínimo cinco
anos, pagando uma pequena taxa de administração.
Mas lá como
cá a elite atrasada atrapalhou o necessário processo de ocupação do oeste. O
Homestead Act fora inicialmente proposto em 1850, contudo os congressistas do
Sul temiam que a ocupação do Oeste por pequenos fazendeiros criasse uma
alternativa agrícola ao sistema escravagista sulista. Em 1858, uma lei de
reforma agrária foi derrotada por apenas um voto no Senado e, em 1859, um
projeto de lei foi aprovado em ambas as casas tendo sido, no entanto, vetado
pelo presidente James Buchanan.
Coube ao
republicano Abraham Lincoln encaminhar a solução correta e o modelo baseado na
pequena propriedade, aliado à mão de obra familiar, resolveu a questão agrária
norte-americana (hoje em dia Lincoln seria chamado de comunista pela
nossa elite, uma elite tão ridícula que desfila com a camiseta da corrupta CBF
nas manifestações contra a corrupção, manifestações financiadas pela FIESP e FEBRABAN,
manifestações que possuem área VIP com espumante e canapés).
Já no Brasil o modelo de colonização contribui para a perpetuação de um
sistema fundiário baseado na grande propriedade, sempre a interesse da elite.
Não se pode esquecer que o início da colonização no Brasil se deu através da
concessão de grandes latifúndios no nordeste do país, chamadas Capitanias
Hereditárias e Sesmarias.
O processo de criação dos latifúndios apenas aumentou com a vinda de
diversos imigrantes ao Brasil e com a mecanização da agricultura principalmente
durante o período da ditadura militar.
A primeira iniciativa em prol da reforma agrária foi a criação da SUPRA
– Superintendência Regional de Política Agrária – em 1962, 100 anos depois do Homestead Act. Por conta do debate sobre as
reformas de base, especialmente da reforma agrária, o Presidente João Goulart
foi chamado de comunista pela elite nacional, elite que apoiou e financiou o
golpe civil-militar de 1964.
ELITE RIDICULA.
Há fatos que nos revelam de forma mais lúdica o caráter e natureza da
elite nacional, como o de uma milionária,
de férias no litoral, que mandou o cão para o veterinário de helicóptero,
porque viu o cãozinho comer a marmita de seu segurança[3].
Esse fato mostra a absoluta falta de
vergonha da elite nacional e demonstra o seu caráter e a natureza.
Há ainda a história
de uma senhora chamada Vera Loyola que teria enviado seu cãozinho para o
cabeleireiro de helicóptero e, em seguida, explicado aos jornalistas que o fez
"porque o Rio é uma cidade muito violenta".
CONCLUSÃO.
Esses fatos ilustram
a existência uma herança maldita: temos uma elite com a cabeça colonizada,
saudosa dos tempos da nobreza e da realeza. Uma elite, consumista, ridícula, ignorante,
colonizada, subserviente, babona, golpista, entreguista e que sonha com o dia
em que o Brasil será uma mistura dos paraísos europeus e estadunidense.
São essas as
reflexões de hoje.
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