Escrevi aqui que não foi possível vencer o golpismo, apesar dos
treze anos de governo progressista, pois as estruturas, as instituições do
Estado e o poder real seguiram dominadas pela aristocracia urbana e pela
plutocracia e porque não ocorreram reformas.
Defendo que o PT é um partido social-democrata, assim como são, em
tese, o PDT, o PSB e até mesmo, na prática, o PCdoB; acredito que o coup
d'État ocorreu muito porque a esquerda e os setores progressistas
acomodaram-se num governo reformista, progressista é verdade, mas
fundamentalmente conciliador e reformista; um governo que fez muitas coisas
boas, algumas excepcionais, mas não fez reformas estruturais necessárias.
EXPLICANDO
O REFORMISMO.
Fato é que a transformação
da sociedade é tarefa dos setores progressistas da sociedade e não
exclusivamente dos trabalhadores, pois a sociedade tornou-se muito complexa e
plural e é diversidade que encontramos é elemento essencial da dialética.
Na diversidade
da sociedade há uma força invisível capaz de realizar transformações, mudanças
e até revoluções, mas inúmeros obstáculos existem para que isso aconteça.
Os marxistas
ortodoxos afirmam que um dos obstáculos à transformação válida da sociedade é a
social-democracia, não penso exatamente assim e tentarei explicar por que.
A
social-democracia é corrente política de longa atuação na sociedade e tem
denominações várias: social-democrata,
trabalhista, socialista e, mais recentemente, comunista-revisionista e tem como fundamento o reformismo, a
colaboração de classes, em contraponto à luta de classes e, em última
instância, a preservação do mercado, seria esse seu pecado.
João
Amazonas escreveu que “No Brasil, o
social-democratismo encontrou dificuldades para se estruturar. Não porque
inexistisse a concepção reformista da luta social, mas por carência de bases
ideológicas definidas e também de certas condições objetivas. (...). Atualmente
procura implantar-se no país, em especial através do intitulado Partido dos
Trabalhadores que, apesar do nome, não representa os interesses básicos do
proletariado.” [1].
Bem, o texto
é de 1981 e o teórico comunista mostrava preocupação com o fato de ao longo da
História a social-democracia, que nasceu revolucionária, haver se desenvolvido num
período de evolução relativamente pacifica, tendo sido cooptada com mais vigor
por concepções reformistas, por conceitos e preconceitos nacionalistas burgueses
do que pela ideologia marxista propriamente.
A social
democracia nasceu de uma traição, escreveu João Amazonas e da traição dos
interesses fundamentais do proletariado nasceu a social-democracia
contemporânea, assim como partidos como o PT, “... partidos operários nacional-liberais”.
Para os
marxistas os interesses fundamentais da classe operária estão na sua total
libertação do sistema de escravidão assalariada, o que somente seria possível
com a derrocada do capitalismo, através de uma revolução e com a edificação de
uma vida socialista; para eles o objetivo somente alcançável através de um
partido de luta de classes, armado com a teoria do movimento emancipador do
proletariado.
Já a
social-democracia contemporânea, como um movimento de caráter burguês no seio
do proletariado, seria um engodo que apenas atrasaria a solução revolucionária,
pois teria por base social a aliança de uma parte dos operários com a
burguesia, ignorando os interesses genuínos do proletariado.
É verdade
que a social-democracia, em sua atividade política, denuncia as limitações da democracia
liberal e busca melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, mas busca o impossível
quando afirma ser possível alcançar o socialismo através de eleições e do parlamentarismo;
guia-se pela conciliação de classes, pratica o pluralismo sindical e, segundo
João Amazonas: “Seu alvo predileto é o
combate sistemático ao verdadeiro partido da classe operária, tudo fazendo para
dificultar a consolidação e a ampliação de sua influência entre as massas.”.
Também é
verdade que a complexidade da sociedade pós-moderna exige um instrumento
socialmente aceito para que o progresso social e humano ocorra e esse
instrumento são os partidos social-democratas, especialmente em períodos histórico
de inexistência de condições objetivas para grandes rupturas, períodos quem que
elas não podem ser precipitadas.
O QUE FALTOU?
Faltou coragem de realizar
reformas, faltaram as reformas.
A opção foi valer-se do
“boom” das commodities e usar parte dos ganhos para alguma redistribuição
de riquezas, foi política pública correta, muito relevante, inédita, mas
insuficiente, pois veio desacompanhada de formação política necessária e das
reformas.
Quais reformas? A reforma
financeira, a reforma
política, reforma do judiciário, reforma tributária, reforma
urbana, reforma da previdência, reforma da lei da mídia, para
citar apenas algumas das reformas necessárias.
Mas
por que as reformas são tão importantes? Porque essas reformas garantiriam o
inicio de mudança real do poder nas instituições e estruturas, hoje integralmente
apropriadas pela aristocracia urbana e pela plutocracia, razão
pela qual a conciliação é ficcional com eles.
E AGORA?
Bem, nesses tempos em que a caixa de
Pandora foi aberta e seguirá aberta, tempo em que todos os males passaram a ser
conhecidos, que a esperança, enquanto virtude teológica, possibilite o fim do hegemonismo
desagregador do PT; que ele seja substituído pela busca de unidade, pelo
respeito e pela reconciliação com a sociedade que os setores progressistas
representam.
Social Democracia ???
ResponderExcluirEssa gente foi,,,, é,,,,,,,, e será sempre COMUNISTA!!!