Vou começar escrevendo que no meu ponto de vista a Operação Lava-Jato
poderia ser um sucesso, um divisor de águas, mas não será. Passará para a
História como um tribunal de exceção.
Sou a favor de operações como a Lava-Jato, pois apenas os corruptos, os
corruptores e os imbecis de todo gênero são contrários a investigações que
punam os malfeitores, por isso temos de apoiar as policias, o MP, o MPF e os órgãos
do Poder Judiciário sempre. Contudo, não devemos confundir os necessários movimentos de combate à corrupção com a esculhambação
dos princípios fundamentais de Direito, patrocinado pelos “tomás de torquemada de Curitiba”.
Advogo faz mais de 29 anos e afirmo sem medo de desagradar quem quer que
seja: o Poder Judiciário é
majoritariamente aristocrático, conservador, ideológico e toma decisões de
forma seletiva, dependendo da classe social do réu e algumas das ultimas decisões,
ou peraltices, do juiz de Curitiba apenas confirmam a minha opinião.
Vejamos as duas ultimas peraltices (adj m+f “Diz-se da criança travessa;
traquinas”) do magistrado premiado pela família Marinho.
A primeira peraltice: o despacho do juiz
Sérgio Moro que autorizou a PF a investigar o famoso sítio em Atibaia (SP),
freqüentado pelo ex-presidente Lula e sua família, foi publicado no sistema do
TRF "inadvertidamente", segundo Moro. Ou seja, a investigação, que
deveria correr em segredo de justiça, agora ocorrerá sob as luzes ribalta, para
que a mídia e a oposição possam usar e abusar de fragmentos de informações que
seguirão vazando seletivamente... Um exemplo de zelo e respeito aos
investigados que sequer são réus ainda e por certo não serão.
A segunda
peraltice: o juiz federal Sérgio Moro decidiu utilizar documentos
enviados pelo Ministério Público suíço à força-tarefa da Lava Jato, apesar de a
justiça suíça haver considerado irregular o envio das provas ao Brasil. Esse é
só mais um exemplo de que no nosso país existe um único Código de Processo e
Princípios Gerais do Processo, mas em Curitiba, pelo menos na vara do citado
juiz, as regras processuais são outras.
Imaginemos
o que José Joaquim Gomes Canotilho diria da (a) falta de zelo do Juiz premiado
pelos Marinho e (b) dos desatinos processuais praticados em Curitiba, se mostrou-se
indiganado com o fato de no Brasil não existir um órgão que possa corrigir as
decisões da corte constitucional.
Corroborando
com essa perplexidade do Professor Canotilho o Ministro Marco Aurélio de Mello
afirmou na ocasião que o STF precisa ter uma responsabilidade maior na tomada
de decisões e eu acrescento: todos os
juízes têm de ter responsabilidade. Aliás, o STF tem de passar um corretivo
no pessoal do Paraná. O “vale tudo” processual patrocinado por esse juiz tem de
ter um fim.
A nossa
Constituição, nossa República, está assentada na separação dos Poderes. Os
Poderes devem ser independentes e harmônicos e nesses tempos de judicialização
da política ao STF caberia impedir a politização do judiciário. E, com todo
respeito, o Juiz Sérgio Moro tem de receber um corretivo da Corte
Constitucional ou do CNJ, afinal ele não é plenipotenciário.
O STF
também não é infalível e não lhe cabe a tarefa de censor da República de uma
forma geral, sua atuação é vinculada ao direito posto, à Constituição Federal,
assim como a de cada Juiz, de cada órgão do Poder Judiciário. Por isso o STF não pode silenciar diante da
transformação de uma vara federal no estado do Paraná em um tribunal de exceção
ou numa produtora de conteúdos para a imprensa e para a oposição.
Outro
exemplo de falta de equidade do Juiz Sergio Moro? Não há noticia que o
diligente Juiz Federal Sérgio Moro tenha determinado ao MPF investigação sobre
o envolvimento de Aécio Neves em procedimento de corrupção em FURNAS, como
declarado por pelo menos três (3) delatores, se nada fez acerca disso teria
prevaricado o magistrado?
O STF
deve reagir e cuidar para que a politização
do Judiciário, aliada da meritocracia
aristocrática (tão valorizada nos escaninhos do Poder Judiciário) e a sua
serviçal a burocracia institucional,
não sejam mais respeitadas e mais valorizadas que a Democracia.
É por
essas e outras que defendo mandato para juízes, desembargadores ministros da
mais alta Corte de Justiça do país com tempo de permanência: 9 a 12 anos, no
máximo.
A
Ministra Carmen Lucia pensa mais ou menos assim também. Ela teria defendido
essa idéia num evento denominado “Diálogos com o Supremo”, na FGV Direito Rio.
E bem humorada a Ministra afirmou ainda: “A
pessoa passa a ser chamada de excelência todos os dias. Daqui a pouco, começa a
acreditar que é mesmo”, a platéia repleta de juízes, desembargadores,
professores e estudantes da escola de Direito da FGV saíram com a “pulga atrás
da orelha”.
Outra
afirmação interessante da Ministra: “O
Supremo não é local de magistrado de carreira porque é cúpula de Poder e exerce
papel político”, afirmou sem hesitar. E completou dizendo que até o
Superior Tribunal de Justiça, é possível a existência de cotas de
representantes de tribunais, de advogados e procuradores, mas no STF não, pois
a natureza Política do Supremo deve ser sempre observada e respeitada.
Num dado
momento a Ministra afirma que o bom juiz tem de ter muita disciplina,
autocontrole e compaixão.
O Juiz
Sérgio Moro deveria refletir sobre essa afirmação da Ministra: compaixão,
disciplina e autocontrole e sobre o conselho do Ministro Marco Aurélio, pois a
ele têm faltado as três virtudes citadas por Carmen Lucia e uma boa dose de
responsabilidade.
E num
tempo em que a burocracia, as estatísticas e as premiações da mídia parecem
dominar as preocupações de muitos magistrados ao invés do compromisso com o
Direito e com a Justiça o STF, o CNJ e a sociedade têm de reagir de forma
cidadã.
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