O meu
desejo seria poder dizer que João Dória Junior é um desqualificado, mas ele não
é. Ele tem suas qualificações, mesmo que elas não se aproximem de qualidades ou
de virtudes desejáveis às pessoas que se lançam na vida pública.
Aliás, na
política ele não é iniciante, afinal foi secretário municipal de turismo e
presidente da Paulistur na capital paulista, entre 1983 e 1985, na gestão de Mario Covas e foi também presidente da EMBRATUR e do Conselho Nacional
de Turismo entre os anos de 1986 a 1988,
no governo do presidente José
Sarney.
Tentou, sem muito sucesso, a carreira de apresentador de
televisão, mas nunca passou de um medíocre e desconhecido
apresentador de um programa de entrevistas com empresários nas sonolentas
madrugadas. Já foi escrito aqui no 247, mas não custa repetir, que suas
entrevistas eram inegavelmente “jabás”. E para quem não sabe o Jabaculê,
ou simplesmente jabá, é um termo utilizado na indústria da música brasileira para
denominar uma espécie de suborno em
que a gravadora pagava a emissoras de rádio e TV pela
execução de determinada musica ou
artista. Essa prática foi criminalizada em 2006 pela Comissão de
Constituição e Justiça da Câmara dos
Deputados no país, foram estabelecidas penas que variam de multa a detenção de um a dois
anos, além da cassação da emissora que receber o dinheiro para colocar uma
música no ar.
Noutras palavras o pré-candidato a prefeito de São Paulo pelo
PSDB, amigo do governador do Estado foi um jabazeiro e praticou, em tese, o que
hoje é ou por vir a ser considerado crime.
Mas João Dória Junior é destaque mesmo como lobista. Como lobista
descobriu sua grande vocação. A qual se não é uma virtude ou uma qualidade, é uma
atividade não regulamentada no país e que o fez rico.
Como presidente do LIDE - Grupo de Líderes Empresariais João Dória
Junior faz lobby, pois ele aproxima empresários de quem quer que esteja no
poder para tentar influenciar agentes políticos e fazer com que eles atendam as
demandas de seus clientes e o faz dissimulando através do LIDE,
apresentando como “uma organização de
caráter privado, que reúne empresários em doze países e quatro continentes. O
LIDE debate o fortalecimento da livre iniciativa do desenvolvimento econômico e
social, assim como a defesa dos princípios éticos de governança corporativa no
setor público e privado”, cujo objetivo seria promover a integração entre
empresas, organizações e entidades privadas, por meio de programas de debates,
fóruns e iniciativas de apoio à sustentabilidade, educação e responsabilidade
social, etc. e tal. Tudo “balela”, o LIDE é um espaço de promoção pessoal de
seus membros (há um viés jabazeiro ainda presente) e de realização de lobby.
Para a maioria das pessoas, especialmente quando
encaramos o lobby sob o prisma da ética, o associamos à corrupção e à
imoralidade. Não penso assim, pois a natureza ética do lobby precisa ser vista
sob a luz da situação, das intenções e dos meios que utiliza, afinal, como
ferramenta de persuasão pode ser utilizada para o bem ou para o mal. No caso de
João Dória Junior evidentemente a ferramenta foi usada para o seu
enriquecimento pessoal e sem nenhuma preocupação ética ou republicana, pois ele
simula e dissimula e não é, como sugerem os que defendem a regulamentação do
lobby, apartidário, muito pelo contrário.
E agora lançado pré-candidato a prefeito de São
Paulo para atender os interesses do governador do estado, vem desempenhando
uma atividade nova, por enquanto tática de interesse do Doutor Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho.
Mas tenho me perguntado: quando Dória Junior ofende de forma grotesca, bárbara, gratuita e
infundada o ex-presidente Lula é ele que está a falar ou o jabazeiro de outros tempos está de volta?
Fiquemos atentos aos
próximos capítulos.
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