"Quem
não se movimenta, não sente as correntes que o prendem".
Rosa Luxemburgo
Rosa Luxemburgo

Mas quais seriam esses atos heroicos?
Agir. Nesse momento heroico é trabalhar
e conversar com as pessoas e dizer o que está fazendo.
Vencer os impasses
com ação, com diálogo, pois as questões policiais, que envolvem
personalidades da republica, do setor financeiro e empresarial, são
responsabilidade das policias, do Ministério Público e do Poder Judiciário.
Esses assuntos policiais não podem paralisar uma nação. Uma nação se constrói com
ações Políticas.
Bem, o país hoje vive
vários impasses, alguns de dimensão internacional e no plano interno, o país
vive um limite estrutural. O Brasil conquistou um conjunto de avanços, em
particular nos governos de Lula e no primeiro governo de Dilma, mas os
processos de expansão das políticas sociais chegaram a um limite, a partir do
qual são necessárias mudanças estruturais. As eternamente adiadas reformas de
base não são mais adiáveis.
Isso mesmo, propor e implantar reformas é algo heroico num país em que a
resistência das elites mostra-se extremamente forte, além da histórica
resistência da elite há ainda uma aparente hesitação de Dilma, agravada pela companhia
de maus conselheiros como Mercadante, por exemplo. Isso tudo tem impedido que o
governo siga na construção democrática das mudanças estruturais indispensáveis.
O país colheu avanços sociais impressionantes, históricos
desde o governo Lula, mas os efeitos da crise internacional chegaram e há
decisões importantes para tomar, decisões heróicas. Há apenas uma coisa a fazer:
vencer o medo e com coragem para fazer reformas estruturais, eternamente
adiadas.
Por isso será necessária coragem heróica para dizer à sociedade
que o rentismo vem impondo uma ciranda de juros elevados para rolagem da dívida
pública e alto custo do crédito para pessoas físicas e jurídicas, e que essa
realidade se traduziu, na prática, em um severo limite ao ciclo de crescimento
baseado no mercado interno, iniciado no governo Lula.
Serão fundamentais heroísmo e alma de militante para construir a unidade
de forças progressistas (PSOL, REDE, PCdoB e do Movimento Cidadanista Raiz) e
os quadros progressistas e patriotas do PMDB, PDT e até do PSDB como Bresser
Pereira e Marconi Perillo para levar o governo para o centro-esquerda e dar
efetividade aos avanços conquistados de direitos civis, políticos e sociais
desde a Constituinte de 1988, sem perder de vista o necessário crescimento
econômico.
Será heróico romper com as limitações impostas pela
elite financeira ao desenvolvimento pleno do país, para isso será fundamental
que lideranças empresariais de federações da indústria, como a FIESP, por
exemplo, apóiem as reformas propostas e mais ainda, é fundamental que elas
participem da elaboração da proposta. E serão aliados, especialmente porque
como escreveu Ladislau Dowbor “os juros internos da economia esterilizam as ações de política econômica
social. O Rubens Ricupero e o Bresser Pereira, que foram ministros da Fazenda e
entendem disso, aprovaram as minhas anotações”.
O ato heróico unirá o país a partir da
apresentação de proposta de reformas que após aprovados representem reformas
estruturais, inclusive uma reforma financeira, ou fazemos isso ou haverá um
retrocesso indesejado, retrocesso social, econômico e político, segundo Ladislau
Dowbor cuja lucidez que inspirou esse texto.
A democracia fez bem ao
Brasil ao contrário do que propaga o mau-caratismo golpista, basta lembrar que Em
1991 nós tínhamos 85% dos municípios do Brasil que tinham um IDH muito baixo,
inferior a 0,50, já em 2010 apenas 32 municípios estavam nessa situação, ou
seja, 0,6%. Esse é apenas um exemplo e representa uma mudança extremamente
profunda e estrutural.
Por isso tudo o heroísmo está em resistir e propor as
reformas estruturais, a reforma financeira, a reforma tributária, a reforma política, a
reforma urbana, etc. O heroísmo está no diálogo permanente com a sociedade, com
ou sem panelaço; heroísmo está em conversar com o congresso, com os sindicados,
com as federações de indústrias. O heroísmo está em ouvir muito e seguir
ouvindo, pois muita gente quer falar sobre a sua decepção em constatar a incapacidade de diversos atores políticos, que gozam da confiança de Lula e Dilma, em
desconstruir feudos de malfeitos e pior ainda: vê-los acusados de participação
ou omissão em diversos casos.
Heróico é resistir e agir, pois para manter a democracia forte e em
movimento de crescente desenvolvimento é fundamental não perdermos de vista os
objetivos da república previstos no artigo 3o da CF e quem não se movimenta,
não sente as correntes que o prendem.
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