O PT surgiu para ser um partido
diferente. O PT que surgiu para representar os interesses da classe média
urbana em especial. Na minha visão nasceu socialdemocrata e foi caminhando para
a esquerda. Mas nos últimos 12 anos após chegar à presidência da republica fez
uma inflexão liberal implantou politicas socialdemocratas da maior importância,
mas na economia foi quase o tempo todo liberal. A “Carta aos brasileiros” é
prova documental dessa inflexão liberal.
E hoje, com a devida vênia aos que pensam diferentemente,
vejo o PT como o MDB do final dos anos 70.
Afirmo sem medo de errar que no
velho MDB estavam embarcados os setores progressistas daquele então e através
do MDB manifestavam-se eleitoralmente e registravam seu repúdio ao arbítrio do período
ditatorial. Mas o MDB envelheceu e do frescor dos primeiros anos o PMDB de hoje
é um partido “igual” a tantos. Maior, mais importante no jogo politico, mas
substancialmente igual.
E o PT segue o mesmo caminho. O
PT envelheceu, burocratizou-se e muitos de seus quadros, como afirmou Tarso
Genro recentemente, ficaram cada vez mais distantes da sociedade,
excessivamente ligados ao governo e às politicas públicas (as quais, num
presidencialismo de coalização, são as “politicas possíveis”).
Não estou a ignorar a
existência, entre seus quadros, de muita gente boa, políticos honestamente
comprometidos com as lutas populares, com o desenvolvimento social e econômico
do país, não é isso, mas o Partido dos Trabalhadores precisa de um choque que sociedade e de autocritica.
O PT é, e sempre será, o
partido da minha adolescência e da minha juventude, mas nem todo o carinho do
mundo pode impedir, e não me impede, de apontar as limitações politicas do PT
de hoje, algo precisa ser feito.
O PT passou a ser um partido de
excessiva atuação parlamentar, mas sabemos que a Politica não está apenas no
Parlamento, é na sociedade e nas lutas populares por melhores condições de vida
e por um regime democrático de verdadeira participação popular e a verdadeira
democracia que está a Politica necessária às mudanças.
O PT de hoje vive mais ou menos
o que o MDB viveu.
O MDB por sua origem, por sua
ineficácia histórica, pelo caráter de sua direção, por seu programa
pró-capitalista, mas sobretudo por sua composição social essencialmente contraditória,
em que se congregavam industriais e operários, fazendeiros e peões,
comerciantes e comerciários, enfim, classes sociais cujos interesses eram e são
incompatíveis jamais pode ser reformado, o PT vive contradições internas,
convive com o malfeito imputado a quadros importantes, mas, ao contrário do MDB
de 1979, pode ser reformado. Basta que volte às ruas e sinta a realidade novamente. É a realidade que conhecemos, quando a conhecemos, que nos indigna e que nos faz fortes para enfrentá-la, superá-la e transforma-la. Distante da realidade as decisões serão sempre ruins.
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