Pular para o conteúdo principal

Regulação da mídia.


Sou, por principio, contra qualquer ato, medida ou ação que possa gerar algum tipo de censura ou limitar a liberdade de imprensa. É assim que eu penso.

Ao mesmo tempo sou amplamente a favor do debate sobre qualquer ideia que se apresente como elemento contributivo ao aperfeiçoamento da democracia, por isso sou a favor de a SOCIEDADE conhecer e debater a tal regulação da mídia.

Discordo, por exemplo, do Senador Alvaro Dias que apelou ao Judiciário para impedir o debate de um PROJETO DE LEI. Ora, me parece absolutamente antidemocrático judicializar um tema que é político, e ao contrário do que o senador paranaense disse o que é inaceitável, sob qualquer pretexto, é impedir o debate.
Outro dos carbonários de plantão, o tal Antonio Imbassahy (BA), de forma medíocre afirmou que a proposta seria um atentado à liberdade de expressão e que seria autoritária. Um pateta esse moço. Ele se opõe a qual texto, a qual conteúdo?
A regulação da mídia existe nos Estados Unidos, no Reino Unido, na Suécia, e nenhum desses países é uma "ditadura bolivariana", ou é?

No Reino Unido, por exemplo, um escândalo de escutas ilegais realizadas por tabloides levou ao estabelecimento de regras polêmicas para jornais, revistas e sites, isso é regulação.
Nos Estados Unidos não há uma Lei de Imprensa, e a regulamentação da mídia no país é feita por diversas leis. No caso das telecomunicações (rádio, TV aberta e a cabo, internet e telefonia móvel e fixa), a regulação está a cargo da Federal Communications Commission (Comissão Federal de Comunicações, ou FCC, na sigla em inglês), agência independente do governo criada em 1934. A tal FCC se dedica principalmente a regular o mercado, com foco nas questões econômicas. O órgão é responsável por outorgar concessões.

Na Suécia a compreensão é que o direito de expressar uma opinião traz, em doses iguais, o dever da responsabilidade, ou seja, a liberdade de expressão, quando exercida de forma abusiva, pode ofender incitar à discriminação e à violência, ou ter consequências negativas para um indivíduo ou uma sociedade como um todo, por isso cabe à sociedade regular a mídia e não os donos dos veículos de comunicação.

Em fevereiro de 2014, a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, do Ministério Público Federal em São Paulo, organizou uma audiência pública relevante, para discutir o tema, lamentavelmente o evento recebeu escassa cobertura da mídia. Nesse evento os procuradores definiram como questões centrais (a) o cancelamento de concessões que concentram mídias “além dos tênues limites colocados pela lei”, e (b) o aumento da fiscalização para o cumprimento da legislação pelas rádios na capital.

E do evento emergiu um critica das mais significativas, segundo os procuradores discute-se uma nova regulação, mas não se obedece sequer à regulação em vigor, e citaram como exemplo o fato de a legislação atual permitir no máximo 6 outorgas de rádio FM e 3 em onda média nacional. Mas só o grupo de Comunicação Brasil Sat, que tem oito outorgas de rádio FM. Em visto do que o MPF-SP solicitou à Anatel o cancelamento das concessões ilegais e a licitação dos serviços excedentes, nessa perspectiva não me parece inadequada a regulação.

O então Presidente do STF Joaquim Barbosa manifestou-se a favor da regulação da mídia em abril do ano passado, ele teria se posicionado dessa forma no Seminário “Liberdade de Expressão e o Poder Judiciário”, promovido pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Por isso reafirmo minha oposição a qualquer ato, medida ou ação que possa ferir a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão, mas me coloco a favor do debate maduro, sem a histeria sobre qualquer tema que busque o aperfeiçoamento institucional.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

SOBRE PERIGOSO ESTADO MINIMO

O governo Temer trouxe de volta a pauta neoliberal, propostas e ideias derrotadas nas urnas em 2002, 2006, 2010 e 2014. Esse é o fato. Com a reintrodução da agenda neoliberal a crença cega no tal Estado Mínimo voltou a ser professada, sem qualquer constrangimento e com apoio ostensivo da mídia corporativa. Penso que a volta das certezas que envolvem Estado mínimo, num país que ao longo da História não levou aos cidadãos o mínimo de Estado, é apenas um dos retrocessos do projeto neoliberal e anti-desenvolvimentista de Temer, pois não há nada mais velho e antissocial do que o enganoso “culto da austeridade”, remédio clássico seguido no Brasil dos anos de 1990 e aplicado na Europa desde 2008 com resultados catastróficos. Para fundamentar a reflexão e a critica é necessário recuperarmos os fundamentos e princípios constitucionais que regem a Ordem Econômica, especialmente para acalmar o embate beligerante desnecessário, mas sempre presente. A qual embate me refiro? Me ref...

DA FAMÍLIA CORLEONE À LAVA-JATO

A autolavaggio familiare agiu e reagiu, impondo constrangimento injusto ao atacar a reputação de advogados honrados. Me refiro a Roberto Teixeira e Cristiano Zanin. Já perguntei aqui no 247 [1] : “ Serão os jovens promotores e juízes "de baixa patente" os novos tenentes" Penso que sim, pois assim como os rebeldes do inicio do século XX, os jovens promotores e juízes, passaram a fazer política e interferir nas instituições e estruturas do Estado a seu modo. Mas em alguns momentos as ações e reações deles lembram muito a obra de Mario Puzzo. As ideais dos rebeldes do início do século XX, assim como dos promotores e juízes desde inicio de século XXI, eram ao mesmo tempo conservadoras e autoritárias; os tenentes defendiam reformas políticas e sociais - necessárias naquele momento -, e no discurso estavam presentes os sempre sedutores temas do combate à corrupção e defesa da moralidade política. Deltan Dallagnol e Sérgio Moro representam os jovens promotores e juízes d...

PALOCCI, UM GRANDE FILHO DA PUTA.

Todos que jogam ou jogaram futebol, bem como aqueles apaixonados que frequentam as arquibancadas para torcer pelo seu time do coração ouvem e, por certo, já proferiram a libertadora expressão “ filho da puta ” ou, com mais esmero, “ filho de uma puta ”, dentre outros palavrões de caráter igualmente libertador. E todos sabem que tal expressão tem semântica própria, pois ninguém que refere à mãe daquele a quem direcionamos qualquer dos necessários palavrões. O adequado uso de palavrões representa síntese e expressa indignação diante de um erro inescusável do Juiz ou de um dos jogadores de qualquer dos times, há, portanto, uma dialética nos palavrões e isso merece atenção. Ou seja, é há uma dialética do palavrão. Na literatura também encontramos o uso de palavrões. Entre os escritores mais lidos da literatura brasileira, o romancista baiano Jorge Amado (1912-2001) é um dos que mais usa o palavrão em sua vasta obra literária. E falando em romances, Amado não é o único int...