Ainda não sei quem vai ganhar, mas
já é possível afirmar que a candidatura de Aécio Neves perdeu força e
importância. Alguns diriam em tom jocoso “perdeu playboy!”. Aécio perdeu sim,
mas o Brasil ganha com ele fora do páreo porque o país não precisa da volta dos
liberais e seus discursos pasteurizados e sua ação permanentemente pró-interesses
do mercado financeiro.
Em 11 de junho escrevi no meu blog[1] e a imprensa da região
publicou artigo onde eu dizia o seguinte: “A Presidente Dilma vem liderando a
corrida presidencial, mas penso que setores do próprio PT são os seus maiores
adversários e podem levar a presidente à derrota. A quais setores eu me refiro?
Aos que, diferentemente da presidente e de Lula, passaram a crer que o país não
existia antes deles, aqueles que se tornaram desprezíveis burocratas.”.
Escrevi e reitero que toda a
burocracia partidária assemelha-se às castas, pelo fato de se encontrar sempre
pronta a cerrar os olhos perante os mais grosseiros erros dos seus chefes em
política geral se, em contrapartida, estes lhe forem absolutamente fiéis na
defesa dos seus privilégios.
O fato: a morte de Eduardo Campos.
E Marina Silva alçada à condição de protagonista no processo eleitoral mudou
o cenário todo, temos outra eleição a ser analisada. Aliás, dois fatos haverão
de ser, no futuro, considerados determinantes para a possível derrota de Dilma
e do PT. O primeiro fato são os
movimentos de junho de 2013, os quais sacudiram o país e reduziram
significativamente a vantagem de Dilma e o segundo é a morte de Eduardo Campos.
Estou tratando nesse artigo da
possibilidade de o PT ser derrotado apesar dos enormes avanços econômicos e
sociais e de suas causas. Justo? Injusto? Não sei. A História será contada e os
fatos avaliados no futuro, sem a paixão desse momento, com o distanciamento
necessário.
Reafirmo também que o país não
precisa nem de neoliberais, nem de burocratas, o país precisa de brasileiros de
verdade, capazes de ouvir as legítimas demandas de todos os setores, pois
vivemos numa democracia e nas democracias as diferenças precisam ser
respeitadas, as vozes precisam ser ouvidas. E, com todo respeito, não há entre
os candidatos postos pelos partidos, ou pelos agrupamentos que se apresentam
como tal, candidato ou candidata com todas essas qualidades.
Penso que Dilma reúne mais qualidades
que Aécio e que Marina e mais, representa um projeto, uma visão de mundo moderno,
uma sociedade justa, políticas públicas generosas e responsáveis, mas parece ter
tomado decisões erradas, assim como é certo não ter sido capaz de apresentar-se, de comunicar-se
validamente com os brasileiros, não foi capaz de estabelecer uma interlocução
necessária com a sociedade, aparentemente tem dificuldade em conviver com a
contrariedade e reconhecer que a nossa sociedade é essencialmente plural e que os
interesses de cada setor têm de ser ouvidos e respeitados.
Alguém que eu respeito teria dito que o
erro fundamental foi não ter chamado o ex-presidente Lula para ajudá-la em
momentos de tensão política ou institucional, não sei se ele disse, mas Lula é
um Estadista com uma visão estratégica única e se não foi ouvido trata-se, de
fato, um grande erro.
Bem, o quadro está consolidado, com Dilma e Marina
no 2º. Turno, com a ex-petista, ex-verde, fundadora da REDE e atualmente hóspede
do PSB com grandes possibilidades de subir a rampa do Planalto. Mas não está
nada garantido para ela, pois Dilma tem Lula, o PT e cinco vezes mais tempo de
televisão para apresentar obras e ações que, lamentavelmente, a mídia recusa-se
a mostrar.
Já o PSDB e Aécio Neves sabem que sua candidatura
tende a ter seu tamanho e relevância real, qual seja, nenhuma. Penso que o PSDB com Aécio Neves renunciou à
possibilidade de vitória. Por que? Porque o tucano mineiro é um político que,
ao contrário de José Serra, não possui nenhuma das qualidades necessárias ao
exercício da Presidência da República, pois não representa um projeto, uma
ideologia ou uma geração, ele é personagem dele mesmo, o eterno neto de alguém
que foi grande sem nunca ter sido. Eleito Senador em 2010 voltará ao Senado
para, quem sabe, exercer de fato o mandato para qual foi eleito pelo povo de
Minas Gerais.
Se em 11 de junho escrevi que
naquele momento cada um dos candidatos, a presidente Dilma, o ex-governador
Eduardo Campos e o Senador Aécio Neves eram “adversários de si próprios” com
setembro chegando e com as campanhas “na rua” já não é bem assim mais.
Quanto a mim mantenho-me onde
sempre estive, nas fileiras dos setores progressistas, dos trabalhadores, do
micro, pequeno e médio empresário, confiante e com a certeza de que o Brasil
pode e deve seguir avançando nas mudanças iniciadas em 2003.
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