Faz alguns dias, a pedido
de um amigo, acompanhei o produtor de cinema Antônio de Andrade a uma visita ao
“Pólo
Cinematográfico de Paulínia”. Confesso que não conhecia nada além do “Theatro
de Paulínia”. Visitar o “Polo” foi uma experiência fantástica.
O
“Pólo” foi idealizado pela Secretaria da Cultura daquela cidade e custou muito
investimento em estrutura aos cofres públicos, trata-se da maior estrutura para
a produção audiovisual brasileira. São quatro estúdios, escritórios
temporários, motor-home (casa motorizada), trailer (camarim móvel), e uma
escola de formação técnica, a ESCOLA MAGIA DO CINEMA e muito mais (eu não
teria competência para descrever tudo, mas posso afirmar que é uma obra
magnifica, com um potencial fantástico e que merece atenção de todos da cidade,
da RMC e do país).
Merece registro também que Antônio de
Andrade é filho do cineasta Joaquim
Pedro de Andrade, cineasta que tem na sua filmografia obra importante e
emblemática como Macunaíma, (1969), grande vencedor dos festivais de Festival de Brasília 1969
e do Festival Internacional de Mar del
Plata 1970 (Argentina).
Esses antecedentes, pensei, tornaria o encontro
interessante.
Foi de fato interessante o encontro, mas não pelas razões
que imaginei, pois Antônio de Andrade é uma pessoa brilhante pelo que é, não apenas
por ser filho de quem é ou afilhado de quem é (ele é afilhado de Tom Jobim).
Depois de um dia longo de trabalho a caminho do aeroporto
pudemos conversar sobre temas que nos inquietam e ele, num dado momento, fez
referência a um documentário chamado “Obsolescência Programada”,
é isso que quero compartilhar com o leitor.
O documentário “Obsolescência
Programada”, sugestão do meu novo amigo, deve ser assistido por todos, está lá
no youtube, de graça... Fiquei muito impressionado com o documentário.
Esse conceito "obsolescência
programada" faz parte de um fenômeno industrial e mercadológico surgido
nos países capitalistas no início do século XX e que ganhou força nas décadas
de 1930 e 1940 conhecido como "descartalização".
A tal "obsolescência
programada" faz parte de uma estratégia de mercado que visa garantir um
consumo constante através da insatisfação, de forma que os produtos que
satisfazem as necessidades daqueles que os compram parem de funcionar ou
tornem-se obsoletos em um curto espaço de tempo, tendo que ser obrigatoriamente
substituídos de tempos em tempos por mais modernos.
Ou seja, uma estratégia baseada
na fraude.
O documentário revela,
dentre outras coisas, que a indústria de lâmpadas nos anos 20 decidiu que seus
produtos, as lâmpadas, não poderiam “durar tanto”. Os zelosos industriais do
setor reuniram-se em um cartel e definiram o tempo máximo de durabilidade de
seu produto.
Havia e há tecnologia disponível
para fazer uma lâmpada durar décadas, mas o objetivo estabelecido pelo cartel é
que as lâmpadas durassem no máximo 1000 horas, ou seja, pouco mais de 45 dias. TODOS
os produtos que compramos estariam hoje contaminados com um conceito que
desconsidera a finitude dos recursos naturais ou a sustentabilidade. Um crime
da indústria de bens de consumo à humanidade.
Essa “obsolescência programada” é a decisão do produtor de propositadamente desenvolver, fabricar
e distribuir um produto para consumo de forma que se torne obsoleto ou não-funcional especificamente para forçar o consumidor a comprar a nova geração do produto.
Isso é ético? Esse
conceito respeita os valores e o conceito de sustentabilidade?
A resposta a essas
questões é negativa, mas a “obsolescência programada” é uma realidade. Garantir
um consumo constante através da insatisfação, de forma que os produtos que
satisfazem as necessidades daqueles que os compram parem de funcionar ou
tornem-se obsoletos em um curto espaço de tempo, tendo que ser obrigatoriamente
substituídos de tempos em tempos por mais modernos é, salvo melhor juízo,
verdadeiro crime contra o mercado de consumo ou um estelionato praticado pela indústria
ao longo dos anos.
Esse é o mundo que
desejamos? Um mundo em que fomos condenados a consumir para sustentar um
sistema que não se sustenta?
Encontrei também
um texto que afirma que a “obsolescência programada” foi criada, na década de 1920, pelo então presidente da General Motors Alfred Sloan. Ele
procurou atrair os consumidores a trocar de carro
frequentemente, tendo como apelo a mudança anual de modelos e acessórios. Bill Gates, fundador da Microsoft, também adotou esta estratégia de negócio nas
atualizações do Windows, assim como a Apple e tantas outras companhias.
Uma curiosidade: inspirado na Centennial Bulb, lâmpada
que continua em funcionamento desde 1901,
o espanhol Benito Muros, da SOP
(Sem Obsolescência Programada) desenvolveu uma lâmpada de longa durabilidade e recebeu ameaças por conta
desta invenção...
Vamos celebrar a estupidez humana?
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