A
candidatura de Eduardo Campos parece não decolar. Mas por quê?
Bem,
escrevi recentemente que acredito ter havido um erro tático de Eduardo, um erro que contaminou a militância socialista.
O
erro: o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) é o principal adversário do
ex-governador Eduardo Campos (PSB) na disputa pela Presidência da República por
uma vaga num eventual 2o. turno, não a Presidente Dilma.
E o PSB tem se mostrado agressivo demais nas críticas, sempre
necessárias, ao governo e, por outro lado, é dócil com o tucano mineiro, seu
principal adversário. Essa docilidade me parece extremamente inadequada e pode
ser uma das causas de a candidatura socialista não atingir os patamares que seu
candidato merece afinal Campos é muito mais consistente e tem mais conteúdo que
o tucano.
Aécio, adversário natural e direto de Eduardo Campos nesse momento, vem
sendo preservado das criticas dos socialistas. Se o objetivo do PSB é ir para
segundo turno essa aliança não favorece em nada tal objetivo.
O PSB está
preparado, está estruturado para a disputa, mas não basta ter um bom candidato
e ter estrutura. Para uma candidatura à Presidência da República, é fundamental
ter uma boa nominata de candidatos a deputado federal e a deputado estadual em
todos os Estados. Talvez seja esse outro
aspecto que emperra a candidatura de Campos.
O
ex-ministro Roberto Amaral, com quem convivi bastante, afirma que a candidatura
de Eduardo Campos “em hipótese alguma
uma candidatura de oposição. Mas é uma candidatura que promete avançar nas
conquistas já alcançadas” e que a vitória dos socialistas determinará
correções necessárias e aprofundará no governo uma opção que reúne a opção
pelas políticas sociais, mas com a eficiência da gestão. O ex-ministro é
enfático “precisamos avançar na
eficiência da gestão”, diminuindo os investimentos públicos de manutenção
da máquina e aumentando o investimento público na economia, o investimento que
é produtivo, ou seja, está a afirmar o caráter desenvolvimentista de um governo
socialista.
Há um
aspecto que merece nota. Setores do PT dizem que o PSB e
Eduardo Campos teriam sido “ingratos”. Não concordo com isso.
Penso que o PSB
deveria preparar-se para 2018, apoiar mais uma vez o projeto desenvolvimentista
e lutar para colocar o brilhante Eduardo como vice de Dilma, mas esse cenário
não se apresentou, mas a candidatura do PSB é legitima.
Legitima
especialmente porque o PSB é um partido ético e correto. Apoiou Lula em 1989
quando ele tinha 2%, fez oposição ao governo Collor e Fernando Henrique
Cardoso, apoiou Lula em 1994 e em 1998, quando todos sabiam que a eleição era
perdida. Mesmo em 2002, vencido o delírio da candidatura de Garotinho (razão da
minha saída do PSB em 2002), o PSB no segundo turno de 2002 apoiou Lula. Em
2006 em 2010 estiveram juntos com o PT e o PCdoB desde o inicio.
Sobre a
candidatura de Garotinho em 2002 é necessário que eu seja honesto. Aquela
candidatura foi tática, pois o PSB estava ameaçado
pela cláusula de barreira. Então, o objetivo ali era fazer com que os
socialistas vencessem tal obstáculo, pois, como sabemos, toda a candidatura
presidencial é positiva nesse sentido. O PT cresceu muito apresentando-se. E o PSB teve excelente desempenho nas
eleições proporcionais de 2002. Mas a candidatura
de Eduardo é diferente, especialmente porque trata-se de um quadro dirigente do
partido, governador de Estado. Não é uma candidatura meramente tática ou
operacional, mas fundamental, essencial para difundir as idéias do partido e em
condições de disputa. Mas eu imaginei que ela pudesse ser mais competitiva.
Em
resumo: que Roberto Amaral que assuma a orientação da campanha de Eduardo para
por nos trilhos o discurso e a ação política, harmonizando-os, pois o projeto
do PSB precisa ser apresentado e “pelo andar da carruagem” a vaga no segundo
turno ficará com os liberais, os mesmos cujo projeto Arraes combateu e que o
PSB ajudou a tirar do poder em 2002.
E
se isso ocorrer os socialistas Jamil Haddad,
Antônio Houaiss, Evandro Lins e Silva e Miguel Arraes, de onde estiverem,
ficarão bem decepcionados.
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