Um nível maior e mais sustentado de crescimento econômico é o
que desejamos evidentemente, mas esse crescimento desejado exige, dizem os especialistas,
um esforço renovado em reformas estruturais, para dar mais peso ao mercado
interno como motor da atividade.
Aliás, é essa a conclusão um estudo dos economistas do Fundo
Monetário Internacional (FMI) divulgado no dia 12 de junho, chamado “Mercados
emergentes em transição: perspectivas de crescimento e desafios”.
Os economistas do FMI, tão respeitados pelos neoliberais
tucanos afirmam que, no curto prazo, o crescimento maior dos países
desenvolvidos deve garantir maior demanda por produtos dos emergentes, não é difícil
concluir que a crise pela qual passam tais países atrapalhou o ciclo virtuoso
do Brasil e dos mais emergentes.
O estudo destaca que depois de serem estrelas de crescimento
econômico, os emergentes estão amargando taxas decepcionantes, não só abaixo
dos níveis pós-crise financeira mundial, mas também piores que os patamares na década
pré-crise. O Brasil não seria diferente numa economia globalizada e temos de
conviver com a realidade de, após a expansão do Produto Interno Bruto (PIB)
entre 2003 e 2010, vê-la reduzida desde 2010/2011, para “meros” 2,5% em 2013.
Mas o FMI é mais honesto que os críticos tucanos, pois afirma
claramente que parte desta desaceleração é por conta de fatores cíclicos e não
porque tenha a equipe econômica do governo manejado equivocadamente os
instrumentos a disposição. O estudo diz que a recuperação maior esperada para
os países avançados, como os Estados Unidos, deve ajudar os emergentes, na
medida em que os mercados desenvolvidos vão demandar mais exportações.
Mas o que são as tais “reformas estruturais” necessárias a dar
peso ao mercado interno como motor da atividade econômica? Bem, o Brasil já convivei com tal expressão. A década de 1990 foi
marcada por importantes transformações de caráter estrutural ocorridas nos
ambientes econômico e institucional, ligadas tanto ao novo conjunto de
políticas macroeconômicas adotado, quanto à implementação de reformas de cunho liberalizante,
ou seja, orientadas pelo neoliberalismo que imperava naquele então. O objetivo
daquelas medidas adotadas era de estabelecer condições para a retomada do
crescimento da economia, de forma a que a crise da década anterior fosse
superada.
Na
realidade já no final da década de 1980 e início dos anos 1990, iniciou-se um
processo de tentativa de superação da crise através de esforços no sentido de
reformar a economia e promover a estabilização macroeconômica. O período foi
marcado pela adoção de uma nova estratégia de políticas de ajustes, com reformas
estruturais orientadas para o mercado sob forte influência das recomendações do
chamado “Consenso de Washington”, que identificou uma série de medidas
consideradas como necessárias para os países em desenvolvimento criarem um
ambiente econômico e institucional propício para a entrada em uma trajetória de
crescimento auto-sustentável.
Na verdade
já no final da década de 1980 e início dos anos 1990, iniciou-se um processo de
tentativa de superação da crise através de esforços no sentido de reformar a
economia e promover a estabilização macroeconômica. O período foi marcado pela
adoção de uma nova estratégia de políticas de ajustes, com reformas estruturais
orientadas para o mercado sob forte influência das recomendações do chamado “Consenso
de Washington”, que identificou uma série de medidas consideradas como
necessárias para os países em desenvolvimento criarem um ambiente econômico e
institucional propício para a entrada em uma trajetória de crescimento
auto-sustentável. O tempo mostrou que o as políticas neoliberais tiveram um
efeito corrosivo nas estruturas e instituições nacionais e globais, causando
crises sucessivas até a crise global de 2007/2008.
Por
isso espero que o FMI e os seus simpatizantes quando falam em reformas
estruturais não percam de vista que aquele modelo liberalizante falhou e lançou
parte do mundo no caos, roubando vidas e aniquilando sonhos de uma geração
toda.
Outro aspecto a ser
registrado é que o neoliberalismo já teve sua chance no Brasil e foi um fiasco
retumbante, assim tem-se de ficar atento a esse agrupamento político, que
vestido de azul a amarelo e com projeto de dirigir novamente o país, está a
construir - com a ajuda de parcela significativa da mídia - uma narrativa
ficcional do seu passado de fracassos para criticar o que deve ser mudado e
justificar sua “tarefa histórica”. Mas sua tarefa é apenas tutelar interesses
privados, não tem dimensão ou expressão do interesse público de superar crises
causadas ou distribuir riqueza e buscar um desenvolvimento social.
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