Desde o final da
década de 1970 assistimos o triunfo o capitalismo, um capitalismo muito mais
poderoso que aquele dos seus primórdios, um capitalismo que se descola da
produção e encontra representante e representação no que denominou-se de capitalismo
financeiro.
Não é necessário mais
dissertar sobre “o porquê” do triunfo do capitalismo sobre o socialismo, já
escrevi sobre isso e estou cada vez mais convencido que o mundo nunca viveu uma
experiência socialista verdadeira e talvez nunca a viva, apesar de ser essa a
busca válida e necessária.
Mas vamos lá. A
globalização econômica e seu irresistível charme, chegaram aos nosso dia-a-dia
apresentadas por discursos ensaiados, propaganda em todos os meios de
comunicação de todo o mundo, nos convenceram que era necessário modernizar
nossas estruturas e instituições, com isso incrementar o regime de trocas nos
círculos globais, esse discurso trouxe consigo também uma nova ordem, uma nova
lógica e uma estrutura de comando que não reconhecia e não reconhece nos Estados
Nacionais, nas suas constituições e autoridades limites necessários a buscar
arranjos institucionais peculiares em cada um deles. Ela [a globalização]
trouxe uma nova forma de supremacia Política, uma nova forma de Política onde a
regulação seja mínima e o Estado, suas estruturas e instituições estejam a
serviço de garantir o mercado global e os lucros dos capitalistas globais. As
comunidades e os seres humanos não são para o capitalismo atores e agentes de
suas vidas, são apenas consumidores. E quando não consomem não tem relevância
para a lógica global. Vivemos isso até hoje e quem ousou discordar foi, em
maior ou menor grau, transformado pela mídia mundial em anticristo.
O que desejam os
senhores dessa nova ordem é fazer crer a todos que a globalização da produção e
da permuta é prova que as relações econômicas é algo positivo e que basta a
harmonizar as relações sociais, bem como que esse novo regime global é tão
perfeito que tornou-se independente de controles políticos, pois a tal
soberania dos Estados Nacionais seria algo anacrônico e a Politica um campo de
ação para pessoas más.
Toda uma geração,
jovens que hoje tem até 35 anos, cresceu ouvindo que a Política é a causa das
distorções e restrições e que o “mercado livre” é sim capaz de equilibrar a sociedade
e regular-se a si próprio através, por exemplo da “livre concorrência”. Mas isso
não é verdade. As forças do mercado são incapazes de harmonizar, equilibrar e
regular, pois a lógica que segue é a lógica da acumulação da riqueza produzida
e não da sua distribuição.
A crise financeira global de 2008, por exemplo, foi consequência
disso tudo, do processo de financeirização do capitalismo, a criação maciça de
riqueza financeira fictícia iniciada da década de 1980, e da hegemonia de uma
ideologia reacionária, o neoliberalismo, baseada em mercados auto‑regulados e eficientes, a qual mostrou-se
um retumbante fracasso para os países e para as pessoas.
Bem, vivemos num mundo capitalista e, lamentavelmente, uma
sociedade de iguais está tão próxima da realidade quanto a PONTE PRETA, meu
time do coração, tornar-se campeã Mundial de Clubes da Fifa, por isso apesar de
respeitar o Professor Bresser Pereira não acredito que dessa crise possa
emergir natural e espontaneamente um novo capitalismo. Sem ação política, sem
debate não será sequer possível compreender o que ocorreu nos últimos trinta
anos, exatamente porque a natureza do capitalismo é mutante e extremamente sedutora.
É desejável que o capitalismo se transforme, que não seja tão financeirizado,
mas será isso possível? É possível através da ação política.
Sem um debate substantivo as tendências presentes nos trinta
anos dourados conduzirão os incautos a crer que capitalismo global, neoliberal
e apolítico é positivo, e essa crença nos conduzirá à próxima crise
global.
A solução é a expansão da democracia,
tornando‑a mais social e participativa, do que os liberais têm verdadeiro
horror. Basta ver que o aumento da participação popular foi rejeitado sob o
infundado argumento de ser antidemocrático. Sim, estou me referindo ao decreto
presidencial que criou a Política Nacional de Participação Social que fez a
direita reagir de forma irracional. Do que tem medo os defensores da “livre
concorrência” e do “livre inciativa”? Talvez tenham medo que a participação
social efetiva aumente o grau de consciência da população que em algum tempo
estaria imune à cantilena liberal e reacionária.
Quanto mais democracia melhor, quanto mais
imprensa livre melhor, quanto mais riqueza produzida e distribuída melhor, pois
se a vida nos conduz a uma jornada solitária, nada impede que ela seja justa,
participativa e solidária.
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