O ministro do STF Marco Aurélio Mello, primo do ex-presidente Collor e
por ele nomeado, disse que Joaquim Barbosa estaria prestes a deixar o STF e que
o motivo seria que ele será candidato em 2014. Parece ser verdade, pois Barbosa
já consultou o STF sobre os benefícios a que teria direito em caso de
aposentadoria precoce, não pode ser coincidência. Juca, o Batman das
redes sociais, vai ser candidato? Penso que sim e será mais um candidato de
direta ou a serviço dela.
Por quê?
Porque a direita (herdeiros da velha UDN, que virou ARENA, depois PSD e
PFL, que estão ao lado do PSDB desde
1994) - que historicamente não tem votos, nem nunca teve, e estando fora de moda dar "golpes de
Estado" - cooptou parte da imprensa e do Poder Judiciário para dar ao verdadeiro
golpe de Estado "ares" de
legitimidade e legalidade, usando como bandeira a moral puritana e a hipocrisia
típica de quem não tem nenhuma virtude.
Persegue Lula e sua família, inventou o mensalão, tenta colar o rotulo
de corruptos em todos que se opõe ao neoliberalismo e tentará - de todas as formas
– vencer as eleições desse ano com qualquer um dos candidatos de oposição
(curiosamente dois deles são ex-ministros de Lula e um terceiro foi por ele
nomeado ao STF)... Qualquer um mesmo. Pode ser o eterno neto do ex-primeiro
ministro (parlamentarismo golpista); pode ser o outro neto, que tem apoio
da clorofilocrática e seus amigos
burgueses; ou pode ser o Batman (o problema é que esse não
tem votos). O importante é vencer o PT, o importante é frear os “absurdos” que
esse governo promove.
Tudo isso vem sendo urdido desde que Lula venceu em 2006... O triste é a
participação do Poder Judiciário nisso. Desde 2008 tenho escrito sobre a aparente
utilização do Poder Judiciário para fins político-eleitorais, através da
judicialização de fatos políticos, de sua midiatização quase que imediata
seguida - por fim - da criminalização dos diversos atores e fatos.
Sabemos
que quando as relações entre o sistema
judicial e o sistema político
atravessam um momento de tensão ocorre a denominada judicialização da política (há judicialização da política sempre
que os tribunais, no desempenho normal das suas funções, afetam de modo
significativo as condições da ação política), afirmei que no Brasil a
judicialização é grandemente de responsabilidade da classe política que se
mostrou por muito tempo incompetente, mas hoje penso que não é apenas isso.
Penso que a judicialização conduziu à politização do Poder
Judiciário, o que é muito pior que a judicialização em si, pois compromete
significativamente a harmonia entre os Poderes e a própria democracia. Ministros
preocupados demais com entrevistas e com a opinião pública e pressionados pela mídia
corporativa. Que tragédia!
O objetivo dessa tática antidemocrática (renunciar ao debate
democrático e judicializar e midiatizar todos os fatos) é obter, através da
mídia, a exposição negativa do adversário, qualquer que seja o desenlace do
processo, para enfraquecê-lo ou mesmo liquidá-lo politicamente, algo questionável
sob o ponto de vista ético e democrático.
No momento em
que ocorre judicialização de alta
intensidade a classe política, ou parte dela, renuncia ao debate
democrático e transforma a luta política em luta judicial, mas fica muito pior
quando se identificam prováveis verdadeiras joint
ventures entre membros da classe política, membros do ministério
público e da imprensa.
Penso que não é fácil saber o reflexo do impacto da judicialização
e midiatização de fatos políticos (que passam a ser vistos como fatos
judiciais) no sistema político, no sistema judicial ou na sociedade, mas seria
possível afirmar que isso “... tende a
provocar convulsões sérias no sistema político” e na própria sociedade. Essa
judicialização da política pode a conduzir à politização da Justiça, a qual por
seu turno consiste num tipo de questionamento da justiça que põe em causa, não
só a sua funcionalidade, como também a sua credibilidade, ao atribuir-lhe
desígnios que violam as regras da separação dos poderes dos órgãos de
soberania. Ademais, a politização da justiça coloca o sistema judicial numa
situação de stress institucional que,
dependendo da forma como o gerir, tanto pode revelar dramaticamente a sua
fraqueza como a sua força.
Vamos
aguardar os próximos movimentos, dos atores e dos fantoches.
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