O Deputado Carlos Sampaio
(PSDB-SP), mais uma vez, apresenta-se na defesa do indefensável.
O nobre parlamentar tenta
desqualificar investigações em curso na Policia Federal, as quais envolvem personagens
do primeiríssimo escalão de seu partido no estado de São Paulo, o faz usando um
método muito comum aos tucanos: “a negativa geral”. É fácil reconhecer que o
caso Siemens segue o roteiro de praxe do PSDB para prejudicar esconder seus
erros, falhas e ilícitos. Curiosamente o Deputado tucano não rebateu as
acusações de formação de cartel e nem citou o fato de a Justiça da Alemanha
e da Suíça já haver comprovado os fatos denunciados como ilícitos graves.
Ora, que seja. Enquanto
isso, a opinião pública quer saber, afinal, por que há depósitos no estrangeiro
ligados a lideranças dos sucessivos governos tucanos de São Paulo e de
Brasília. Quem comandou a organização do cartel e com que interesse.
Conheço Carlos Sampaio
faz mais de três décadas e por isso posso afirmar: ele não poderia ter
escolhido ou aceito esse papel, divergimos muito, mas a sua biografia não
poderia ser manchada com essa posição. Mas qual posição? Ele, promotor público
licenciado, deveria ser o primeiro a defender investigações e esclarecimentos.
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E por que não consegue?
Porque como o próprio Ministério Público de São Paulo afirma há fortes indícios
de fraude, superfaturamento e pagamento de propina ao governo do PSDB em São
Paulo. Esse é o fato.
Mas há mais fatos.
Em 2006, sete meses antes
do acidente na estação Pinheiros da Linha 4 do Metrô, o Deputado Estadual Simão
Pedro (PT-SP), também duramente criticado por Sampaio, requereu a intervenção
do Ministério Público por danos à ordem urbanística e à segurança da população
e trabalhadores, após receber denúncias de irregularidades na citada obra. A
ação de Simão Pedro foi tida como “eleitoreira” e nada foi feito. Sobreveio o
terrível acidente e sete (7) pessoas pagaram com a vida a inação das
autoridades estaduais.
Em 2007, após meses de
investigação, o mesmo Simão Pedro fez nova representação ao Ministério Público
mostrando que entre as causas do acidente estavam (i) a pressa, (ii) a mudança
do método construtivo e (iii) a economia de materiais. Mais tarde,
investigações do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e do Instituto de
Criminalística viriam a confirmar a tese. A Justiça acatou a denúncia do MP, e
hoje diretores do Metrô e das empresas são réus e respondem pelo prejuízo e
pelas mortes causadas.
Em fevereiro de 2011, o
Deputado do PT recebeu denúncias de um esquema que se desenvolvia na CPTM e no
Metrô com pagamento de propinas para obtenção de contratos e por serviços não
executados e uso de empresas offshores
no Uruguai do lobista Arthur Teixeira para desviar dinheiro e remunerar agentes
públicos e políticos, envolvendo a Siemens, a MGE e naturalmente o PSDB
paulista.
Diante das denuncias fez
o que se deve fazer: levou o caso ao MP, que o anexou a um inquérito já aberto.
Na ocasião, o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) foi informado, mas nunca
tomou providências. (Essa denúncia se confirmou quando a própria Siemens
procurou o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para se
autodenunciar por formação de cartel
e manipulação de contratos e preços
com participação de outras empresas do setor);
No final de 2011, novas
denúncias foram encaminhadas ao parlamentar petista por metroviários.
Os metroviários estavam inconformados
com o que presenciavam nos contratos de reforma dos 96 trens das Linhas 1 e 3
do Metrô, alegavam que configurava-se prejuízos milionários ao erário para
beneficiar algumas daquelas mesmas empresas do cartel. O deputado acionou o
Ministério Público solicitando investigação do caso. Um inquérito foi aberto e
o promotor acaba de denunciar o absurdo à Justiça: os trens reformados poderão ficar mais caros do que a aquisição de
novos.
Como deputado licenciado
Simão Pedro recebeu novos documentos com novas informações sobre aquela
denúncia de 2011 e as encaminhou à análise de uma das mais altas autoridades do
país, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo que encaminhou à Policia
Federal.
Mas diante da repercussão
do caso, algumas lideranças do PSDB aqui em São Paulo e em Brasília, diante da
tentativa de uso do velho recurso de desqualificar a denúncia com ataques aos
denunciantes, mas sem ter como rebater as acusações de formação de cartel nem como
justificar o que a Justiça da Alemanha e da Suíça já comprovou, ficam algumas
perguntas ainda sem respostas.
Por que há depósitos no
estrangeiro ligados a lideranças dos sucessivos governos tucanos de São Paulo e
de Brasília? Quem comandou a organização do cartel e com que interesse? Por que tanto medo senhores?
Talvez porque as perguntas são simples, mas as respostas podem
ser embaraçosas.
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