Estamos a 500
dias da abertura da Copa do Mundo do Brasil. Não é incomum ouvirmos criticas de
todo o tipo, com e sem fundamento. Mas futebol não é uma coisa boba, futebol é
um jogo mágico, que encanta e apaixona gerações e a Copa do Mundo no Brasil
poderá legar ao país muito mais que metros, VLTs, estádios, aeroportos
reformados, etc..
Explico. Aqui em
casa somos todos torcedores da Ponte Preta. Bem, quase todos, pois minha mulher
é torcedora do nosso maior rival, o Guarani, fato que confere à nossa casa um
caráter pluralista, democrático e deliciosamente
conflitivo e beligerante em dias de derby.
O futebol é mais
que um simples jogo, mais que uma mercadoria na lógica do sistema, o futebol e
a paixão que o constitui são traço cultural informador de nossas vidas e disso
devemos ter orgulho e podemos nos apropriar dessa força e fazer dela elemento
de mudança e desenvolvimento.
Como? Integrando
a paixão que as crianças, meninos e meninas têm pelo futebol, pelos seus clubes
e pelos seus ídolos com a Educação formal e complementar e nesse tempo de Copa
do Mundo isso me parece bastante pertinente.
Ações integradas
entre as secretarias de educação e de esportes dos municípios, dos estados e os
respectivos ministérios podem fazer toda a diferença, podem trazer e manter nas
escolas um contingente enorme de crianças e jovens estimulados pela possibilidade
da pratica do futebol.
Penso que muitas
crianças e jovens permaneceriam ou voltariam à escola se o futebol estivesse
mais presente. Curiosamente no “país do futebol” poucas são as escolas que tem
campos de futebol, por quê?
Durante toda a infância
e adolescência meus filhos puderam praticar vários esportes, o fizeram de forma
regular e complementar à atividade escolar, esportes coletivos e individuais e
creio que isso foi fundamental na formação deles, mas foi o futebol que os
arrebatou e é o futebol que eles praticam até hoje com os amigos do trabalho e do
clube.
O futebol sempre terá suas
particularidades se comparado com outras ações culturais, mas ele manifestação
e ação cultural. Ele e tudo que o envolve de forma espontânea. Os aspectos
sociais contidos na experiência de sua prática permitem uma boa análise sobre a
identificação, a significação e até o valor que ele tem na vida de seus
personagens, principalmente quando estes são os jovens.
O futebol é inegavelmente um fenômeno cultural caracterizado pela
participação e integração de todos, independentemente de classe social ou
econômica, só esse fato já o diferencia.
É no campo de futebol que ocorrem importantes
trocas de valores e a interação entre todos que dele fazem parte e o vivenciam,
cada um de uma forma e com um significado particular. Surgem a partir do “mundo
do futebol” novos conceitos e fusões culturais, reinventando significados
sociais e aproximando extremos que, se não fosse o futebol, dificilmente
trocariam experiências e vivências.
Pode-se entender o papel do futebol como
formador e gerador cultural a partir da fala do antropólogo Roberto DaMatta: “(…) O fato é que o futebol tem sido uma
ponte efetiva (e afetiva) entre a elite que foi buscá-lo no maior império
colonial do planeta, a civilizadíssima Inglaterra, e o povo de um Brasil que,
naqueles mil oitocentos e tanto, era constituído de ex-escravos. Juntar brancos
e negros, elite senhorial e povo humilde foi sua primeira lição. O futebol
demonstrou que o desempenho é superior ao nome da família e a cor da pele. Ele
foi o primeiro instrumento de comunicação verdadeiramente universal e moderno
entre todos os segmentos da sociedade brasileira. Ele tem ensinado a agregar e
desagregar o Brasil por meio de múltiplas escolhas e cidadanias.”. É isso.
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