Todo
conservador é elitista e todo elitista é conservador. Acredito que o elitismo é
uma forma de compreender a sociedade que não nos faz bem.
E
essa forma de pensar e agir estão presentes desde as origens da nossa República.
Tanto que há uma tensão permanente entre a elite e democracia moderna, aquela
que valoriza a participação popular efetiva (acredito que a campanha dissimulada
contra o voto obrigatório tem viés elitista, com claro por objetivo afastar das
urnas o maior numero de populares, pois para esses o custo do transporte até
sua sessão eleitoral será considerada não sendo obrigatório o voto).
Cresci
ouvindo que seria através da qualificação técnica da elite, assim como sua
participação politica, que ocorreria a superação dos problemas nacionais. Essa cantilena
é sabidamente equivocada, pois em mais de quinhentos anos o país foi dirigido
por sua elite.
Essa
visão de mundo, o elitismo, tem viés autoritário, nada democrático e em certa
medida é uma visão medieval,
Para
os adeptos do elitismo a estrutura formal do poder republicano não seria capaz
de organizar o povo brasileiro. O povo seria destituído de vontade política e
por isso a superação do atraso não poderia resultar da ação espontânea desse
povo sem formação cívica. Somente as elites, dizem eles, podem produzir movimento
na política necessário ao país. Um encadeamento de estultices.
A democracia exige a participação
plena de todos e, como bem nos lembrou o Professor Fernando Nogueira da Costa, “Tudo isso dificultava a existência ou a
constituição da identidade nacional, pois esta requer certa coerência e
continuidade. Ela tem de ser enunciada pelo próprio possuidor dessa identidade.
Os brasileiros, de modo geral, não podiam proferir sobre si mesmo duas coisas contraditórias.
Talvez, a rigor, isso era concebível no plano estético ou lúdico. Quando Oswald
de Andrade, em seu Manifesto Antropófago, divulgado em 1928, ou o Tropicalismo,
no final dos 60, procuravam expressar em obras ou comportamentos “somos, nós
brasileiros, ao mesmo tempo, o arcaico e o moderno, a cultura endógena e
cultura importada, mutantes, etc.”, eles pretendiam definir alguma
“meta-identidade”.”, o desafio é esse refletir e resistir a ideias arcaicas
como as que emergem da chamada Teoria das Elites.
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