Nos final dos anos 80 e durante os anos 90 alguns amigos e eu usávamos um
argumento provocativo e retórico nas discussões mais acaloradas. Dizíamos: “Campinas
não precisa de PDS porque o PSDB representa muito bem a Direita na cidade” (para quem não se lembra “PDS” foi a sigla que
a ARENA, partido que apoiava a ditadura, passou a usar a partir das eleições de 1982).
É inegável que muita gente boa, socialdemocratas de verdade abraçaram o
projeto do PSDB em 1988, mas o partido inegavelmente perdeu o rumo e, como
afirma o economista e advogado Luiz Carlos Bresser-Pereira a Direita no Brasil
é representada pelo PSDB (Bresser foi ministro da Fazenda de Sarney e que
ocupou três ministérios nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso - Administração,
Reforma do Estado e Ciência e Tecnologia).
Meu querido amigo e brilhante advogado Paulo Pellegrino me perguntaria:
“mas o que é direita?”, e completará: “Isso tem algum significado após a queda do
muro de Berlin e da vitória da democracia formal sobre a democracia substancial”.
Bem, a ele e ao leitor respondo: “Direita/Esquerda” são termos validamente usados em política
para indicar a dicotomia “conservadores/progressistas” e apesar de alguns intelectuais afirmarem
que numa sociedade complexa como a atual, em que existe o intercâmbio dos
partidos políticos, tal distinção não teria mais sentido o liberal Bobbio, por
exemplo, os considera válidos, em sendo assim quem somos nós para discordar.
O PSDB passou a ser um partido conservador e sua trajetória, especialmente
a partir de 1994 (quando coligou-se ao então PFL, dissidência do PDS, hoje DEM
e matriz do PSD, todos originários, portanto, da ARENA), e caminha hoje, sem
nenhum constrangimento e o faz definitivamente para a direita ideológica.
Nós da esquerda demoramos a entender o que acontecia no mundo
a partir dos anos 70 e 80: (i) a crise do modelo de capitalismo keynesiano;
(ii) a falência dos Estados controlados pelo modelo soviético e (iii) o
ressurgimento do liberalismo (rebatizado de neoliberalismo) nos deixou a mercê
de uma lógica sedutora. Foi o que aconteceu com o PSDB, o partido não escapou à
sedução do neoliberalismo, nos anos 90. Aliás, nos anos 90, a hegemonia
neoliberal foi muito violenta. Foi tão violenta que cooptou muita gente boa,
mas sem estrutura e capacidade critica.
Havia na época “palavras mágicas” como: modernidade, eficiência, globalização, palavras que seduziram os
quadros socialdemocratas de tal forma que se afastaram da chamada “Terceira Via”,
de Anthony Giddens que de fato propunha uma reforma gerencial do Estado, mas
uma reforma para fortalecer o Estado social (reforma dos serviços sociais e
científicos do Estado), mas o que aconteceu foi o contrário, pois o
neoliberalismo como face do capitalismo não tinha (e não tem) nenhuma
perspectiva nacional, não havia nos anos FHC nenhuma distinção entre empresa
nacional e estrangeira, por exemplo.
Não sei se estávamos certos ou errados no
passado, mas hoje não estamos sozinhos na afirmação de que o PSDB representa a
direita no Brasil.
E PAULO MALUF , ATUAL ALIADO DE LULA , NAO REPRESENTA A DIREITA (INCLUSIVE FOI ARENA E PDS , AMBOS LEMBRADOS NESTE ARTIGO) ?
ResponderExcluir