Enviei a todos os
membros do COMITÊ MUNICIPAL de Campinas um texto para que pudessemos coletivamente PENSAR se uma coligação em Campinas com os setores conservadores representados pelo PSDB/DEM/PPS,
garantiria ao PCdoB crescimento e a implantação de políticas progressistas, na
linha daquelas que o PCdoB defende.
Eu não acredito
nesse movimento e defendo a CANDIDATURA PRÓPRIA em Campinas ou a coligação do o PT, por uma
questão de coerência.
Não podemos ser, como alguns partidos, “base” do PSDB em São
Paulo e “base” do PT em Brasilia. Esse pragmatismo cego nega a história do PCdoB.
É isso que eu
penso e é isso que vou defender.
1.
“Garantir
a continuidade do ciclo progressista, aberto em 2002 no Brasil, promovendo o
aprofundamento das mudanças”
Ademais, há um documento
firmado pelo Comitê Estadual do PCdoB de SP, datado de 11 de fevereiro de 2012
denominado “PCdoB-SP 2012: Eleger prefeitos e dobrar a bancada de vereadores”
que merece ser relido por aqueles que defendem, equivocadamente, a
coligação do PCdoB com os neoliberais locais, verdadeiros vassalos do governo
tucano, um governo com o qual o PCdoB não tem qualquer identidade ideológica ou
programática, um governo conservador, incompetente que se encastelou no Palácio
do Bandeirantes a partir da vitória de Mario Covas em 1994 e que quase quebrou o Brasil.
Assim como deve
ser relida, com mais atenção ainda, a Resolução
Política sobre a situação conjuntural do Brasil, datado de 11 de Novembro de 2009 [1] que nos orienta a lutar para garantir
o ciclo social-desenvolvimentista que teve inicio com a vitória de Lula em
2002, uma vitória para a qual o PCdoB contribuiu desde o 1º. Turno de 2002.
Por que reler os
documentos? Para não
perdermos de vista que a nossa política de alianças deve contribuir para o
alcance dos objetivos estratégicos não para dar respostas
emocionais (e irracionais) a circunstâncias.
Eleger prefeitos
e dobrar a bancada de vereadores é nosso objetivo tático.
E, (i) as candidaturas
próprias (onde houver condições reais como em Jundiaí, por exemplo, e a reeleição do prefeito de Monte Alegre) ou as (ii) alianças políticas
responsáveis são o caminho para atingir o objetivo.
Mas tudo deve ser
feito sem perder de vista o objetivo estratégico do PCdoB que é: “Garantir a continuidade do ciclo progressista,
aberto em 2002 no Brasil, promovendo o aprofundamento das mudanças” [2]. Noutras palavras, o estratégico
subordina o tático.
E
o que é estratégico para o PCdoB? Ora, é garantir a continuidade do ciclo
progressista aberto em 2002 no Brasil e não será coligando em Campinas com o PSDB/DEM/PPS
que estaremos cumprindo a resolução de 11 de Novembro de 2009, do 12º.
Congresso do PCdoB. Muito pelo contrário, estaremos descumprindo tal resolução
e comprometendo, por exemplo, a estabilidade da coligação que haverá de eleger
o camarada Pedro Bigardi Prefeito de Jundiaí este ano.
Como
podemos pensar em participar de uma coligação onde um dos protagonistas é o
PSDB se a Resolução do 12º. Congresso orienta que:
"O campo
da oposição compreende o PSDB, partido estruturante da frente contra o Governo,
essencialmente representante da oligarquia financeira, o DEM (antigo PFL)
expressão das forças dominantes mais tradicionais, que vem mudando a roupagem
para se “modernizar”, em disputa com parte do PMDB para ocupar o papel
prioritário na aliança com o PSDB; o PPS, oriundo do PCB, produto da apostasia
que acometeu parte dos partidos comunistas com o fim da União Soviética, hoje
transformado em apêndice do PSDB. Essa oposição de direita ao governo Lula, com
a derrota dos paradigmas neoliberais ficou sem programa, abraçou o ideário da
moralização formal, dos velhos preceitos udenistas e do oco “choque de gestão”,
para fazer crer serem detentores da racionalidade administrativa. Essa oposição
conta com apoio da grande mídia, numa relação íntima que visa a permitir a
volta dos tucanos à presidência da República.
O
PSDB foi o artífice da liberalização, desregulamentação e desnacionalização do
período da ordem neoliberal imperante nos oito anos dos governos de Fernando
Henrique Cardoso. Seu plano principal e imediato é tentar ganhar as eleições
presidenciais, para retornar ao centro do poder. Para isso, tornou-se decisivo
a unificação do Partido em torno dos dois governadores – José Serra e Aécio
Neves –, dos dois maiores colégios eleitorais do país, sendo essa a tarefa que
envolve os cardeais do Partido e o conjunto da oposição.
Ao
mesmo tempo realiza intensas gestões visando a atrair o PMDB para o leito da
campanha oposicionista de 2010. A oposição de extrema esquerda, composta pelo
PSOL, com pequena representação no Congresso Nacional e outras variadas e
pequenas organizações políticas fora do parlamento nacional, vive uma crise de
identidade, não se constituindo em alternativa real à esquerda do governo Lula
e, na prática, joga água no moinho da oposição de direita na sua atividade
contrária ao governo Lula."
Não
é possível, responsavelmente, que a comissão política considere a possibilidade
de ombrear em Campinas com o PSDB, com o DEM e com o PPS se a Resolução afirma
tratarem-se partidos estruturantes da frente de oposição ao projeto
social-desenvolvimentista e ao governo federal, governo que temos tarefa
estratégica proteger, fortalecer e garantir a
ele sucesso e força transformadora.
No
Estado de São Paulo e em Campinas esses partidos são representantes
das oligarquias de província, das visões mais preconceituosas e atrasadas,
esses partidos são contra todas as políticas públicas que o PCdoB e o PT vêm
construindo desde 2002. O DEM (antigo PFL) é dissidência do PDS, que já se
chamou ARENA e antes UDN expressão das forças dominantes do atraso e dos
interesses privados.
2.
Pela Unidade das forças progressistas.
E não é só. A
nossa tarefa é manter a unidade das forças democráticas e progressistas[3], o PCdoB tem maturidade, História e
responsabilidade para fazer isso, mas não será participando ardiloso movimento
articulado pelo governador Tucano que estaremos contribuindo para a unidade.
E ao lado do
PSDB, do DEM e do PPS os movimentos sociais, que começaram a retomar o seu
protagonismo político terá espaço? Será ouvido? O movimento sindical, os
movimentos sociais ocupam espaço relevante na visão e na ação desses partidos?
A resposta é evidentemente negativa.
O movimento estudantil,
secundarista e universitário, liderados pela UBES e pela UNE, e o movimento
comunitário, principalmente a CONAM, entre outros. A UBM, União Brasileira de
Mulheres, e a Unegro, União de Negros pela Igualdade, que tem cumprido
relevante papel na luta pela emancipação das mulheres, contra o racismo terá
espaço relevante e influenciarão políticas públicas num governo que reproduz a
lógica do Palácio dos Bandeirantes?
Participar de uma
coligação com o PSDB/DEM/PPS numa cidade importante como Campinas[4] é negar a necessária luta pela
continuidade e aprofundamento o ciclo progressista aberto com a eleição de Luiz
Inácio Lula da Silva para presidente do Brasil.
Participar de uma
coligação com o PSDB/DEM/PPS numa cidade importante como Campinas é descumprir
a tarefa de manutenção tanto da unidade das forças democráticas e progressistas
quanto pela preservação e fortalecimento de um Bloco de Esquerda, a fim de
derrotar as tentativas revanchistas e de volta ao centro do poder das forças
conservadoras responsáveis pela ordem neoliberal em nosso país.
Ademais, temos de
ponderar que se cabe à conferência eleitoral municipal aprovar as alianças em
âmbito local, essa aprovação é ad referendum da instância partidária superior, nos
termos do artigo 29 dos Estatutos e, em sendo aprovada uma coligação/aliança
com o PSDB/DEM/PPS ela será impugnada e levaremos o debate
democraticamente a todas as instâncias partidárias.
3.
Nossas tarefas em Campinas.
No campo Político
a tarefa do PCdoB é: “(a) Concentrar todos os esforços partidários na montagem
da nossa chapa própria de vereadores e criar condições objetivas para
viabilização da chapa majoritária; (b) Planejar e buscar condições materiais e
humanas para concretização das nossas campanhas.” [5].
Essa é a reflexão.
[2] Resolução Política sobre a situação conjuntural do
Brasil, datado de 11 de Novembro de
2009
[3] Item 12 da Resolução
do 12º. Congresso.
[4] O que é reconhecido
expressamente pelo documento de 11 de fevereiro de 2012 firmado pelo Comitê
Estadual do PCdoB
[5] Conforme item “34” da Resolução da
Conferência Municipal de Campinas/2011.
Muito bom, Pedro. Discussão mais do necessária, urgente. As cores partidárias e suas uniões deveriam ser mais bem definidas, pra se ter mais coerencia. Grande abraço
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