As
“Teorias da taxa de juros” podem ser elencadas da seguinte forma: (a) a dos
Fundos de empréstimos[1];
(b) a da Preferência por Liquidez; (c) Teoria da Exogeneidade dos Juros e (d)
Teorias das Taxas de Juros a Termo.
Segundo
a chamada “Teoria Neoclássica” dos fundos
de empréstimos, os juros constituem um prêmio pela renuncia ao consumo
imediato.
Na
Teoria Keynesiana da Preferência pela
liquidez, os juros são prêmio pela renuncia à liquidez. Keynes critica a Teoria dos Fundos de empréstimos no
quadrante da interdependência entre
poupança e o investimento.
E
a crítica a Keynes, feita por alguns pós-keynesianos, refere-se à
interdependência entre a oferta e a
demanda por moeda e há ainda outros pós-keynesianos que fazem a distinção
entre demanda por moeda e a preferência por liquidez: a demanda por moeda seria a disposição
por imobilizar-se, emitindo débitos para financiar fluxos de gastos, não impactando
diretamente a taxa de juros; já a preferência
por liquidez seria o desejo de ou trocar ativos ilíquidos dos portfólios
por outros mais líquidos, ou pagar débito; relacionada a estoques (saldos),
influencia diretamente a taxa de
juros.
A
corrente fundamentalista entre os
pós-keynesianos tende a considerar as variações de emprego ligadas às
alterações da preferência pela liquidez dos agentes econômicos como a própria
essência da teoria do subemprego, elaborada por Keynes; no entanto, mesmo que a
moeda não seja retida, não é de se supor que determinada economia, cujas
decisões de investir são tomadas, individualmente, de maneira descentralizada,
com pluralidade de iniciativas particulares, possa alcançar, sistematicamente,
o pleno emprego da força de trabalho existente; e tal economia, o desemprego
não depende do alojamento monetário individual em “reserva ociosa”, mas,
simplesmente, dos impulsos (animal
spirits) de gastar dos empreendedores.
A
propriedade fundamental da moeda bancária, em tal (macro)economia, é que ela
não é “entesourável”, em nível sistêmico; sai do circuito gastos-renda (ou não
entra) quando não há demanda por ela, isto é, quando cai a demanda por crédito,
devido à insuficiência de decisões de gastos com a dada taxa de juros.
A
questão polêmica, então, pode ser
vista como: as preferências individuais pela liquidez, determinantes da
formação de encaixes ociosos em nível microeconômico, podem ser conciliadas com
a inexistência de reserva monetária voluntária ociosa (não remunerada) persistentemente,
em nível macroeconômico (sistêmico)?
Bem
apresentadas as Teorias da Taxa de Juros, que sendo “teorias” buscam explicar o
fenômeno de forma abstrata, é possível afirmar que quando falamos em Política de Juros nos referimos à
aplicação de uma das Teorias das Taxas de Juros com objetivo de desenvolver uma
política monetária válida e eficiente.
Dito
isso passo à ideia chave à ideia chave desse artigo: (i) os Juros não são causa da
apreciação do real, pois o Brasil não precisa mais de juros elevados para
atrair ou evitar uma fuga de capitais externos e que (ii) não
basta reduzir os juros para evitar a apreciação do real.
E,
por conta dessas premissas tendo a acreditar e defender que mesmo que a taxa
Selic caia bem abaixo dos 9% ao ano fixado pelo COPOM, reduzindo o chamado ganhos de arbitragem (diferencial entre
as taxas internas e externas), a tendência do câmbio no país é a desvalorização
porque vivemos sob a lógica do capitalismo financeiro global, sem compromisso
com nações ou com o desenvolvimento humano e ele deve ser compreendido, como
defende Bauman[2],
como uma verdadeira ação parasitária.
Essa
seria a posição do Secretário-Executivo do Ministério da Fazenda, pois ele afirma
que “As evidencias econométricas mostram
que as condições internacionais têm sido mais determinantes do que a taxa de
juros para as condições internacionais têm sido mais determinantes do que a
taxa de juros para a apreciação cambial, porque as condições externas têm
flutuado mais do que a nossa taxa de juros” [3]. Ele refere-se, por exemplo, ao boom
dos preços das commodities que influenciaram e influenciam o câmbio, mas outros
especialistas creem que essa flutuação para cima dos preços das commodities é
uma tendência por uma ou duas décadas.
Em
sendo assim o governo deve (a) manter o regime de câmbio flutuante, que ajusta
a economia a choques externos e internos; (b) continuar com a acumulação de
reservas, que com juros baixos tendem a ter custos menores de carregamento e
(c) regular os fluxos de capital, bem como deverá trabalhar muito para (d)
ajudar a aumentar a competitividade da indústria nacional, (e) realizar a
reforma tributária necessária, não apenas a possível e (d) cuidar do preço da
energia e investir em infraestrutura.
Por
quê? Porque como ensinou Celso Furtado no texto “Os Desafios da Nova Geração”: “O
crescimento econômico, tal qual o conhecemos, vem se
fundando na preservação
dos privilégios das elites que satisfazem seu afã de modernização; já o desenvolvimento [econômico e social] se caracteriza pelo seu
projeto social subjacente. Dispor de recursos para investir está longe de ser
condição
suficiente para preparar um melhor futuro para a massa da população. Mas quando o projeto social
prioriza a efetiva melhoria das condições de vida dessa população, o crescimento se metamorfoseia
em desenvolvimento.”, penso que é isso que se busca desde
2003, uma equação que compreenda DESENVOLVIMENTO como resultado do crescimento
econômico e desenvolvimento social, da presença de políticas sociais perenes e
capazes de transformar, transformar-se e evoluir com o país e através dele.
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[2] Conf. Zygmund Bauman in Capitalismo Parasitário, ed. Zahar.
[3] Nelson Barbosa, ao Valor, citado pela diretora adjunta de Redação Claudia Safatle em 20, 21 e 22 de abril de 2012.
Olá Pedro,
ResponderExcluirMuito bom o teu Blog, parabéns. Gosto muito de economia (e de direito e avesso tbém, rsrs), estou começando um estudo sobre A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. Se tiver um tempinho e puder colaborar. Desde já, obrigado e Deus te abençoe.
att,