Antes é importante respondermos as questões: afinal o que é “direita” e o que é “esquerda” no final da primeira década do século XXI? Essas categorias políticas ainda tem significado? Ainda fazem sentido hoje em dia?
Penso que “direita” e “esquerda” são categorias universais da política e que fazem parte de conceitos básicos que informam genericamente o funcionamento das sociedades contemporâneas, por isso emprestam significado genuíno e necessário à compreensão e o sentido.
Em sendo assim um artigo do Professor Alberto Carlos, publicado recentemente mostrou-se bastante oportuno, especialmente quando ele afirma que o “PT se transformou em típico partido socialdemocrata europeu, guarda enormes semelhanças com partidos de centro esquerda da Europa: (…)” e afirma também que o PSDB tem a sua prática política próxima à dos partidos mais conservadores do mundo.
O Professor Alberto Carlos afirma que o PT como os partidos de centro-esquerdo da Europa “começaram muito pequenos e radicais”, mas todos “foram ficando extremamente moderados na medida em que cresciam. Abandonando o antigo ideário socialista para apenas defender o aumento do consumo para os mais pobres. Todos querem mais Estado na economia e mais política social.”, esse é um comentário parcialmente falacioso, pois dizer que o PT defende apenas o aumento do consumo pelos mais pobres não é verdade e não é honesto. O PT e os demais partidos de esquerda que compõe o atual governo vêm, através de políticas públicas de centro-esquerda, transformando o país pelo viés da cidadania. Essa é a verdade.
E Professor Alberto Carlos escorrega também ao afirmar que seriam as regiões mais pobres do país que votam nos partidos como o PT e no PCdoB. Trata-se de um argumento não verdadeiro, pois se o PT venceu no nordeste e 2010, como afirma o articulista, ele, talvez por desinformação, esqueceu-se que o PT venceu também no sul e no sudeste, as quais não podem ser qualificadas como das “regiões mais pobres”.
Bem, sendo o PT um partido de centro-esquerda ou, como afirma do Alberto Carlos Almeida, um verdadeiro socialdemocrata, o partido de “direita” ou conservador estaria representado pelo PSDB evidentemente, que reúne em torno de si os liberais. Compreendendo “liberais” como aqueles que apresentam um discurso articulado e sedutor, sobre a “eficiência na economia e na administração pública”, em redução de impostos, etc., mas que na prática são os responsáveis, através de sua prática desumana, quebrar a economia mundial em 1929 e em 2008 e sem nenhum constrangimento e socorrer-se do “vilão” Estado. Para conhecê-los bem, de maneira lúdica e numa linguagem de fácil compreensão é importante assistir o último documentário de Michel Moore: “Capitalismo; Uma história de Amor”. É revelador.
Mas vamos lá. O que é ser comunista ou socialista no século XXI? Eu acredito que é necessário o afastamento critico da tradição e da práxis autoritária que caracterizou a URSS em especial e passar a imaginar uma sociedade justa livre e pluralista. Cuba é um exemplo de avanços no campo social, nos direitos sociais, mas a revolução falhou no que diz respeito aos direitos civis e políticos. Quem é verdadeiramente de esquerda não pode deixar de fazer essa critica.
Ser de esquerda é: compreender que a riqueza da humanidade está na sua diversidade; ser um combatente das desigualdades sociais e econômicas; ser um defensor da diversidade, da tolerância; ser defensor e praticante do respeito às diferenças; ser defensor das liberdades civis todas (sem regulação ou censura); além de acreditar que o caminho para a democracia verdadeira passa pelo respeito às diferenças, inclusive ideológicas, e pela ampliação de espaços institucionais de aconselhamento e deliberação como os conselhos, as ONGs, os sindicatos, as associações, etc.
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