Pular para o conteúdo principal

“Prestação de Contas do Governo FHC”


“No Brasil quem tem um olho é rei, quem tem dois é maluco”. (Olavo de Carvalho).



Ricardo Bergamini




No período de janeiro de 1995 até dezembro de 2002 o governo FHC obteve uma Receita Total de 25,99% do PIB (tributárias, contribuições e capitais), tendo aplicado 29,98% do PIB como segue: 13,31% (Administração Financeira); 6,87% (Previdência Social); 2,03% (Saúde); 1,87% (Defesa); 1,41% (Educação); 0,94% (Empregos) e 3,55% com as demais atividades da União, gerando déficit fiscal nominal de 3,99% do PIB.

Apenas com Administração Financeira (R$ 1.045,0 bilhões) e Previdência Social (R$ 539,5 bilhões) foram comprometidos 77,68% das receitas totais do período no valor de R$ 2.039,7 bilhões

As Receitas Totais da União (contribuições, tributárias e de capitais) migraram da média mês de R$ 19,1 bilhões, no período de janeiro de 1995 a dezembro de 2001, para R$ 36,4 bilhões na média mês de 2002. Incremento de 90,58%.

Em 1992 a carga tributária brasileira era de 24,96% do PIB em 1994 estava em 27,90% do PIB. Em 1998, no final do primeiro mandato de FHC, migrara para 29,60% do PIB. E com base nos números oficiais do IBGE chegou ao patamar de 33,37% do PIB no ano de 2001, com previsão de uma carga de 36% do PIB para o ano de 2002. Ou seja: 44,23% maior do que a apurada em 1992 e 29,03% maior do que a deixada em 1994.

Em 2002 houve déficit fiscal nominal de R$ 2,8 bilhões (0,20% do PIB). Como a dívida pública líquida da União (interna e externa) aumentou no ano de 2002 em R$ 247,5 bilhões (que nada mais é do que déficit diferido). Com isso o déficit real de 2002 foi de R$ 250,3 bilhões (18,35% do PIB).

A dívida externa líquida, pública e privada, no ano de 1994 era de US$ 107,4 bilhões (19,78% do PIB). Em 2002 encerrou em US$ 195,7 bilhões (41,91% do PIB). Crescimento real em relação ao PIB de 111,94%.

No conceito de liquidez internacional (inclui empréstimos ponte com FMI) as reservas em dezembro de 1996 eram de US$ 60,1 bilhões (não havia dívida com FMI). Em dezembro de 2002 estavam em US$ 37,8 bilhões (com US$ 23,6 bilhões em dívidas com o FMI), ou seja: as reservas ajustadas eram de apenas US$ 14,2 bilhões. Redução de 323,24% em relação ao ano de 1996. 

A dívida total líquida da União (interna e externa) saltou de R$ 87,8 bilhões em dezembro de 1994 (25,13% do PIB) para R$ 1.103,9 bilhões em dezembro de 2002 (80,94% do PIB). Crescimento real em relação ao PIB de 222,05%.

Considerando também a dívida externa do setor privado de US$ 123,2 bilhões, ou R$ 359,9 bilhões (26,39% do PIB), a dívida total: interna, externa, pública e privada é da ordem de R$ 1.463,8 bilhões (107,33% do PIB).

Cabe destacar ter o Tesouro Nacional haveres de R$ 380,6 bilhões junto aos Estados e Municípios e de R$ 110,2 bilhões junto à Autarquias, Fundos e Fundações.

Do total da dívida da União existe um montante de R$ 282,1 bilhões sendo carregada ilegalmente pelo Banco Central do Brasil, por falta de tomadores em mercado.

 O custo de carregamento da dívida pública total da União, inclusive indexada ao câmbio, no ano de 2002 ficou em 3,14% ao mês, ou 45,00% ao ano. Com ganho real para os investidores de 1,20% ao mês, ou 15,38% ao ano, depois de excluída a inflação pelo IGPM do período de 25,31% ao ano.

A nossa séria histórica da balança comercial foi como segue: Superávit 79/84 (US$ 15,9 bilhões); Superávit 85/89 (US$ 67,3 bilhões); Superávit 90/94 (US$ 60,3 bilhões). E no período de janeiro de 1995 a dezembro de 2002, pela primeira vez, geramos déficit comercial atingindo (US$ 8,4 bilhões). Avança Brasil!!! (para o Abismo).

A nossa séria histórica de necessidade de financiamento do Balanço de Pagamentos foi como segue: 79/84 (US$ 96,3 bilhões); 85/89 (US$ 67,2 bilhões); 90/94 (US$ 86,9 bilhões). E no período de janeiro de 1995 até dezembro de 2002 migramos para (US$ 407,5 bilhões). Ou seja: no período de 1979/94 administramos um buraco médio em torno de U$S 15,5 bilhões ao ano. No período de janeiro de 1995 até dezembro de 2002 um rombo médio em torno US$ 50,9 bilhões ao ano.

No período de janeiro de 1995 até dezembro de 2002 recebemos um montante de US$ 194,1 bilhões em investimentos externos líquidos.

O gasto total com pessoal da União (diretos, indiretos, civis, militares, ativos e inativos) migrou de R$ 35,8 bilhões em 1994 para R$ 75,0 bilhões em 2002. Incremento de 109,50% em relação ao ano de 1994, cuja inflação medida pelo IPCA (IBGE) foi de 102,28% no período.

Considerando os três poderes da República, civis e militares, no ano de 2002 o rendimento médio mês per capita com pessoal ativo do governo federal foi de R$ 3.572,46, sendo a média nacional dos trabalhadores formais nas atividades privadas de R$ 797,80, ou seja: 347,79% menor. 

Considerando os três poderes da República, civis e militares, no ano de 2002 o rendimento médio mês per capita com pessoal inativo (aposentadorias e pensões) foi de R$ 2.804,00, sendo a média per capita dos inativos das atividades privadas de R$ 387,00 mensais, ou seja: 624,55% menor. 

Em 2002, não considerando receita da Cofins de R$ 50,8 bilhões desviada para atender o serviço da dívida, o déficit do setor privado (INSS) foi de R$ 13,5 bilhões e o público federal de R$ 28,1 bilhões, totalizando no ano um déficit de R$ 41,6 bilhões.

Em 2002 o sistema de previdência do INSS arrecadou um montante de R$ 76,3 bilhões (sendo R$ 5,5 bilhões via CPMF) em contribuições de patrões, empregados e autônomos ativos da iniciativa privada, contingente em torno de 50 milhões, pagando benefícios da ordem R$ 89,8 bilhões para um contingente em torno de 21 milhões de aposentados e pensionistas, gerando um déficit de apenas R$ 13,5 bilhões.

Em 2002 o governo federal arrecadou um montante R$ 5,3 bilhões de um contingente de funcionários ativos (civis e militares) da ordem de 970.390, pagando benefícios de R$ 33,4 bilhões para um contingente da ordem de 993.487 aposentados e pensionistas (civis e militares), gerando um déficit de R$ 28,1 bilhões.

O PIB per capita apurado no ano de 1994 foi de US$ 3.546,00. E que com base nos números conhecidos até dezembro de 2002 podemos projetar um PIB per capita de US$ 2.652,00 para o ano corrente. Redução de 33,71% em relação ao ano de 1994. Avança Brasil!!!!! (para o Abismo).

O PIB apurado em 1994 foi de US$ 543,1 bilhões. E que com base nos números conhecidos até dezembro de 2002 podemos projetar um PIB de míseros US$ 466,9 bilhões para o ano corrente. Redução de 16,32% em comparação com o ano de 1994. 

Em 1994 a taxa média de desemprego aberto, medida pelo IBGE, foi de 5,1%. Em dezembro de 2002 ficou em 10,5%, sendo a média do ano de 2002 de 7,6%. Houve um crescimento do desemprego de 49,02% em comparação ao ano de 1994. Cabe ressaltar que em dezembro de 2002 o IBGE mudou a metodologia de apuração da "Pesquisa Mensal de Emprego".




02 de fevereiro de 2003


Estudo completo ler “Prestação de Contas do Governo FHC” disponível em nosso sítio abaixo mencionado.




O autor é Professor de Economiarberga@tutopia.com.br
www.angelfire.com/sc3/ricardobergamini

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

SOBRE PERIGOSO ESTADO MINIMO

O governo Temer trouxe de volta a pauta neoliberal, propostas e ideias derrotadas nas urnas em 2002, 2006, 2010 e 2014. Esse é o fato. Com a reintrodução da agenda neoliberal a crença cega no tal Estado Mínimo voltou a ser professada, sem qualquer constrangimento e com apoio ostensivo da mídia corporativa. Penso que a volta das certezas que envolvem Estado mínimo, num país que ao longo da História não levou aos cidadãos o mínimo de Estado, é apenas um dos retrocessos do projeto neoliberal e anti-desenvolvimentista de Temer, pois não há nada mais velho e antissocial do que o enganoso “culto da austeridade”, remédio clássico seguido no Brasil dos anos de 1990 e aplicado na Europa desde 2008 com resultados catastróficos. Para fundamentar a reflexão e a critica é necessário recuperarmos os fundamentos e princípios constitucionais que regem a Ordem Econômica, especialmente para acalmar o embate beligerante desnecessário, mas sempre presente. A qual embate me refiro? Me ref...

DA FAMÍLIA CORLEONE À LAVA-JATO

A autolavaggio familiare agiu e reagiu, impondo constrangimento injusto ao atacar a reputação de advogados honrados. Me refiro a Roberto Teixeira e Cristiano Zanin. Já perguntei aqui no 247 [1] : “ Serão os jovens promotores e juízes "de baixa patente" os novos tenentes" Penso que sim, pois assim como os rebeldes do inicio do século XX, os jovens promotores e juízes, passaram a fazer política e interferir nas instituições e estruturas do Estado a seu modo. Mas em alguns momentos as ações e reações deles lembram muito a obra de Mario Puzzo. As ideais dos rebeldes do início do século XX, assim como dos promotores e juízes desde inicio de século XXI, eram ao mesmo tempo conservadoras e autoritárias; os tenentes defendiam reformas políticas e sociais - necessárias naquele momento -, e no discurso estavam presentes os sempre sedutores temas do combate à corrupção e defesa da moralidade política. Deltan Dallagnol e Sérgio Moro representam os jovens promotores e juízes d...

PALOCCI, UM GRANDE FILHO DA PUTA.

Todos que jogam ou jogaram futebol, bem como aqueles apaixonados que frequentam as arquibancadas para torcer pelo seu time do coração ouvem e, por certo, já proferiram a libertadora expressão “ filho da puta ” ou, com mais esmero, “ filho de uma puta ”, dentre outros palavrões de caráter igualmente libertador. E todos sabem que tal expressão tem semântica própria, pois ninguém que refere à mãe daquele a quem direcionamos qualquer dos necessários palavrões. O adequado uso de palavrões representa síntese e expressa indignação diante de um erro inescusável do Juiz ou de um dos jogadores de qualquer dos times, há, portanto, uma dialética nos palavrões e isso merece atenção. Ou seja, é há uma dialética do palavrão. Na literatura também encontramos o uso de palavrões. Entre os escritores mais lidos da literatura brasileira, o romancista baiano Jorge Amado (1912-2001) é um dos que mais usa o palavrão em sua vasta obra literária. E falando em romances, Amado não é o único int...