A Presidenta Dilma Rousseff tem enfrentado com competência as denuncias de corrupção envolvendo personalidades importantes que compõe o seu governo. Aliás, desde o seu primeiro pronunciamento ela afirmou que não toleraria o que chamou de “malfeito”.
Mas parte da mídia insiste em passar a impressão, negativa, de que a corrupção é uma característica do atual grupo político que esta no poder, quando sabe-se que a corrupção é um fenômeno político. Essa correta advertência é feita pelo Professor e cientista político Francisco Fonseca. Ele diz que a forma de veicular noticias contém um viés ideológico, assim como a forma de interpretá-las e, tanto a veiculação quanto a interpretação tendenciosas contribui “para estigmatizar grupos políticos – (...), o que é um claro atentado à democracia.” .
Concordo com o professor Fonseca quando ele afirma que uma parcela importante da mídia é responsável pela manutenção de um mito que ele chama de “o caráter (i)moral de grupos específicos que alçam ao poder, versão notabilizada pela UDN de Carlos Lacerda, interprete da política à luz da moral...”. Mas o que significa isso?
Gosto muito de Bauman no livro “Bauman sobre Bauman”, Ed. Zahar, p. 56 ele afirma: “Ser moral significa saber que as coisas podem ser boas ou más. Mas não significa saber, muito menos saber com certeza, quais são as coisas boas e quais são as más. Ser moral significa tender a fazer certas escolhas sob condições de aguda e dolorosa incerteza.”
Bem, quando se interpreta a Política à luz da moral das relações pessoais é possível fazê-la com “seletividade”, pois se os seres humanos são intrinsecamente alguma coisa, eles são seres sociais, ou seja, são seres morais como ensina Bauman; e ser moral é atributo constitutivo da humanidade, um traço que torna singular a condição humana e a distingue de qualquer outro modo de ser no mundo, mas o próprio Bauman afirma que “Ser moral” não significa necessariamente “ser bom”, ser moral significa saber que existe o “certo” e o “errado” e fazer a escolha, sem escolha não existe moral.
Enfim, dar preferência a algumas escolhas e alternativas em relação a outras é um esforço humano chamado, ainda segundo Bauman, de “ética”. Cabe à “sociedade” definir tudo isso num projeto de “sociedade”.
Aliás, isso é a própria sociedade, esse esforço continuo de estruturar uma “ordem”, ou “ordem social”, é próprio da sociedade e é ela, e isso ocorre através das ações políticas, do exercício da Política. Mas é incorreto interpretar corrupção à luz da moral, pois a corrupção é fenômeno político e não fenômeno moral, assim como a ética é um produto social e a moral não (pois essa é característica do individuo).
E quando se interpreta a corrupção à luz da moral tem-se a mesma distorção, a mesma “seletividade”, ou seja, a mídia ao usar a moral como “medida”, instrumento de veiculação e interpretação de fatos tidos como “indícios de corrupção” ou “denuncias de corrupção” pode selecionar ideologicamente entre os vários fatos e apresentá-los, ou não, com maior ou menor grau de espetacularização e dramaticidade.
Exemplo dessa “seletividade” da mídia foi todo o processo de privatização, pois ocorreu verdadeiro “veto” da grande imprensa brasileira às investigações sobre os indícios de corrupção, apesar de um enorme número de denuncias e indícios de corrupção (tanto na forma quanto no modelo).
O livro de Aloysio Biondi “O Brasil privatizado: um balanço do desmonte do Estado”, Ed. Perseu Abramo, 2003 trata com competência e rigor o assunto. Ou seja, ocorreu um apoio incondicional por parte da imprensa à agenda neoliberal e por isso noticias que colocasse em risco a “fé pública” no projeto privatizante foram antidemocraticamente censuradas. O professor Francisco Fonseca analisa esse fato no livro “O consenso forjado” citado por ele no artigo “A corrupção como fenômeno político”, Francisco Fonseca, in Le Monde diplomatique Brasil, p. 6, setembro 2011.
Mas o que fazer? Penso que a reforma política é urgente e o debate sobre a ampliação de uma cultura de controle social, transparência e integridade.
Mas parte da mídia insiste em passar a impressão, negativa, de que a corrupção é uma característica do atual grupo político que esta no poder, quando sabe-se que a corrupção é um fenômeno político. Essa correta advertência é feita pelo Professor e cientista político Francisco Fonseca. Ele diz que a forma de veicular noticias contém um viés ideológico, assim como a forma de interpretá-las e, tanto a veiculação quanto a interpretação tendenciosas contribui “para estigmatizar grupos políticos – (...), o que é um claro atentado à democracia.” .
Concordo com o professor Fonseca quando ele afirma que uma parcela importante da mídia é responsável pela manutenção de um mito que ele chama de “o caráter (i)moral de grupos específicos que alçam ao poder, versão notabilizada pela UDN de Carlos Lacerda, interprete da política à luz da moral...”. Mas o que significa isso?
Gosto muito de Bauman no livro “Bauman sobre Bauman”, Ed. Zahar, p. 56 ele afirma: “Ser moral significa saber que as coisas podem ser boas ou más. Mas não significa saber, muito menos saber com certeza, quais são as coisas boas e quais são as más. Ser moral significa tender a fazer certas escolhas sob condições de aguda e dolorosa incerteza.”
Bem, quando se interpreta a Política à luz da moral das relações pessoais é possível fazê-la com “seletividade”, pois se os seres humanos são intrinsecamente alguma coisa, eles são seres sociais, ou seja, são seres morais como ensina Bauman; e ser moral é atributo constitutivo da humanidade, um traço que torna singular a condição humana e a distingue de qualquer outro modo de ser no mundo, mas o próprio Bauman afirma que “Ser moral” não significa necessariamente “ser bom”, ser moral significa saber que existe o “certo” e o “errado” e fazer a escolha, sem escolha não existe moral.
Enfim, dar preferência a algumas escolhas e alternativas em relação a outras é um esforço humano chamado, ainda segundo Bauman, de “ética”. Cabe à “sociedade” definir tudo isso num projeto de “sociedade”.
Aliás, isso é a própria sociedade, esse esforço continuo de estruturar uma “ordem”, ou “ordem social”, é próprio da sociedade e é ela, e isso ocorre através das ações políticas, do exercício da Política. Mas é incorreto interpretar corrupção à luz da moral, pois a corrupção é fenômeno político e não fenômeno moral, assim como a ética é um produto social e a moral não (pois essa é característica do individuo).
E quando se interpreta a corrupção à luz da moral tem-se a mesma distorção, a mesma “seletividade”, ou seja, a mídia ao usar a moral como “medida”, instrumento de veiculação e interpretação de fatos tidos como “indícios de corrupção” ou “denuncias de corrupção” pode selecionar ideologicamente entre os vários fatos e apresentá-los, ou não, com maior ou menor grau de espetacularização e dramaticidade.
Exemplo dessa “seletividade” da mídia foi todo o processo de privatização, pois ocorreu verdadeiro “veto” da grande imprensa brasileira às investigações sobre os indícios de corrupção, apesar de um enorme número de denuncias e indícios de corrupção (tanto na forma quanto no modelo).
O livro de Aloysio Biondi “O Brasil privatizado: um balanço do desmonte do Estado”, Ed. Perseu Abramo, 2003 trata com competência e rigor o assunto. Ou seja, ocorreu um apoio incondicional por parte da imprensa à agenda neoliberal e por isso noticias que colocasse em risco a “fé pública” no projeto privatizante foram antidemocraticamente censuradas. O professor Francisco Fonseca analisa esse fato no livro “O consenso forjado” citado por ele no artigo “A corrupção como fenômeno político”, Francisco Fonseca, in Le Monde diplomatique Brasil, p. 6, setembro 2011.
Mas o que fazer? Penso que a reforma política é urgente e o debate sobre a ampliação de uma cultura de controle social, transparência e integridade.
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