Não há quem negue, de forma honesta e fundamentada, a grande influência da mídia sobre a chamada opinião pública em tudo. Mas será que a mídia influenciou a cassação do Dr. Hélio?
Analisemos esse poder e a influência da imprensa com certa isenção, busquemos os fatos de 1.989. As eleições diretas para Presidência da República daquele ano, as primeiras desde a eleição de Janio Quadros e João Goulart, foram um marco. Praticamente todos os meios de comunicação apoiaram no segundo turno Fernando Affonso Collor de Mello em oposição a Lula.
E o fato marcante e emblemático desse posicionamento de apoio a Collor, bem como aos interesses que ele representava, foi a vergonhosa edição do último debate realizado na Rede Globo entre Collor e Lula. A edição, na opinião da professora Vera Chaia, doutora e livre docente em Ciências Políticas da PUC-SP, determinou o resultado das eleições e a vitória do candidato conservador.
Os grandes veículos de comunicação têm capacidade de produção de conteúdo e de formulação ideológica em defesa disto ou daquilo. Eu acredito que isso é legitimo, mesmo quando o conteúdo produzido e a ideologia defendida colidem com a minha forma de ver o mundo, esse é o jogo político. É injusto e desequilibrado? Com certeza, mas é a realidade posta que tem de ser superada com as idéias como arma e a verdade como escudo. Com o advento das redes sociais e dos blogs as coisas estão mudando um pouco, não são apenas os grandes jornais e as grandes redes de TV que pautam a agenda nacional, mas seu poder de influência é enorme ainda.
Um bom exemplo da importância da internet na vida das pessoas foram as eleições presidenciais de Barack Obama em 2006, os jovens, os blogs, as redes sociais trazem novidades, opiniões circulam rapidamente e muitas vezes acabam até sendo incorporadas pela mídia tradicional e isso ocorre também no Brasil e é muito positivo.
Mas o ponto que quero abortar envolve Campinas. Cidade aonde meu avô chegou em 1930 e os pais de minha avô chegaram em 1890 para trabalharem na Fazenda Santa Elisa, onde eu e meus filhos nascemos e crescemos torcendo para a Ponte Preta, “vivendo e aprendendo a jogar, nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas aprendendo a jogar” e onde procuramos semear afeto e colher amizade.
Teria a mídia desempenhado um papel determinante na formação da opinião pública e por isso ocorreu a cassação do Prefeito Hélio de Oliveira Santos pelo parlamento Municipal? Penso que a imprensa cumpriu um papel histórico, informou, posicionou-se é verdade, mas não foi responsável pela opinião dos cidadãos e muito menos pela cassação do Dr. Hélio, os fatos são muito graves. Hélio foi cassado porque esse era o único caminho, essa foi a decisão justa e inevitável.
Os jornalistas, alguns muito jovens, merecem todos os elogios, nossa admiração e agradecimento.
Não houve comemoração das pessoas sérias (salvo de um grupo de ressentidos e desmiolados “sem eira nem beira” e que não representam ninguém faz muito tempo e nem sei do que vivem ou como pagam suas contas). Nenhum dos vereadores, nem mesmo os do PSDB, comemoraram, pois a cassação de um prefeito não é um fato a ser celebrado, nem lamentado, é um fato político e, no caso de Campinas, uma necessidade.
Os vereadores e a imprensa cumpriram seu papel e Campinas amanheceu nesse sábado chovendo, como que a chorar suas dores ou a lavar-se da sujeira a ela impingida pelos bons amigos de um Prefeito que apesar de ter uma avaliação extremamente positiva foi incapaz de mobilizar cidadãos em sua defesa. Por quê? Porque o cidadão campineiro reconhece o bom trabalho realizado, mas não concorda com o malfeito.
A luta política deve seguir com um pedido de instalação de Comissão Processante contra o Prefeito Demétrio Vilagra, mas os Vereadores e a população sabem que Demétrio e Hélio são pessoas diferentes, com histórias diferentes e o encaminhamento deverá ser outro, de tal sorte que a cidade possa desde já cuidar de suas feridas e organizar-se de forma plural e ética novamente.
Camarada Pedrinho, estou republicando na intergra o seu texto. Muito bom.
ResponderExcluirAbraço fraterno,