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Lula e o contraponto


A visita oficial do Presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil causou bastante barulho no mundo todo e serviu para a incompetente oposição ter o que falar de um presidente que tem mais de 80% de aprovação.
Mas por que há tanta restrição ao fato de o Presidente do Brasil receber o Presidente do Irã?
Fiquei pensando nisso, afinal não foi o Irã que se meteu na Guerra da Coréia, no Vietnã, assim como não foi o Irã que deu inicio à Guerra do Golfo ou que invadiu o Afeganistão em 2001. Também não foi o Irã que invadiu o Iraque em 2003. E não se pode esquecer ainda de outras intervenções norte-americanas em toda América Latina, patrocinando golpes de Estado e sustentando ditaduras.
Também não é o Irã que mantém uma prisão esquizofrênica em Guantanamo, e não se tem noticia que Mahmoud Ahmadinejad ou seu país tenha tentado, pela força, derrubar o governo castrista em Cuba em 1961, o Irã também não se meteu no Chipre em 1974. Ao contrário, os EUA é que se meteram e foram vergonhosamente expulsos do Irã em ocasião da Revolução Islâmica de 1979, assim como foram expulsos do Líbano durante a Guerra Civil em 1983 e da Somália durante a Guerra Civil em 1993. Ou seja, há uma tradição dos EUA intervirem no mundo, com ou sem apoio da ONU.
Temos, é verdade de ter reservas sobre alguns comportamentos de Mahmoud Ahmadinejad, mas que não são novos em relação a outros presidentes que o precederam. Ele foi eleito democraticamente e a questão de fraude é complexa, tão complexa quanto a primeira eleição de George W. Busch, mas o fato é que ele é representante de uma maioria popular no Irã, cujos valores são colidentes com os nossos, mas temos de compreender e respeitar as diferenças entre os povos, entre o ocidente e o oriente.
Ao receber o Presidente Mahmoud Ahmadinejad o Brasil está a fazer um necessário contraponto à política externa dos EUA e aos interesses que ela representa. E nos obriga a refletir, por exemplo, sobre a equivocada idéia de que o Estado de Israel é que está sempre certo o que não é verdade. Afinal basta uma análise honesta para concluirmos que Israel, com o apoio dos EUA, é o grande responsável pela eternização dos conflitos na região em razão de suas políticas de expansão imperialista e racista.
O tema pode ser aprofundado, mas fica para depois.

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