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Para entender as razões das FARC...


Para quem acredita que é possível promover a Paz através da compreensão das diferenças e similaridades culturais entre os Povos o conflito colombiano, um dos mais antigos da América Latina (uma disputa pelo poder entre conservadores e socialistas e dura desde 1964) é algo triste, especialmente porque ocorre na América Latina.


Sob a liderança de Manuel Marulanda, o tirofijo, ex-combatentes liberais fundaram as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, popularmente conhecida como FARC-EP [1] nos anos 60 para lutar pela criação de um estado marxista.



Outros grupos de esquerda - como o guevarista Exército de Libertação Nacional (ELN) - e também milícias de extrema direita entraram no conflito. A partir dos anos 80, a Guerra Cívil ganha um novo protagonista: o tráfico de drogas. Isso porque a FARC-EP e o ELN financiariam a sua luta pela construção do estado marxista à custa dos serviços de proteção vendidos aos traficantes e do seqüestro de civis. Não consigo acreditar que socialistas, marxistas enfim se associem ao trafego de drogas, mas de qualquer forma o sequestro e qualquer tipo de violência, na minha maneira de ver retiram qualquer possibilidade de compreendermos ou aceitarmos o que fazem. Curiosamente a decisão do governo brasileiro em conceder asilo político ou o status de refugiado ao colombiano Francisco Cadena Collazzos, também conhecido como Olivério Medina, um dos lideres da FARC, reconhece e empresta, creio, legitimidade às suas ações.



Não aceito nesse momento da História o sequestro e a violência, isso combina com bárbaros da WASP – White Anglo-Saxon Protestant, como Busch, não com a America Latina.



Em 1964 os EUA, mantendo sua prática intervencionista e de desrespeito à auto-determinação dos povos, pressionaram o Exército Colombiano para eliminar o grupo rebelde, então formado por pequenos proprietários rurais. Resulta: os rebeldes reagiram e o pequeno sitiante Manuel Marulanda Vélez, apelidado Tirofijo, criou as o embrião da FARC-EP, que recebeu auxilio do Partido Comunista da Colômbia. No ano seguinte surge o ELN.

O frágil Estado Colombiano, ao invés de procurar compreender o fato social relevante e buscar solução através de politicas não conflitivas, acabou em 1968 aprovou uma lei que deu liberdade para formação de milícias paramilitares para enfrentar os guerilheiros, surgiram as milícias de direita no combate. Com o tempo e já com a lei revogada, os diversos grupos de paramilitares juntaram-se e fundaram, em 1997, as Autodefensas Unidas de Colombia (AUC), sob o comando de Carlos Castaño e do ítalo-colombiano Salvatore Mancuso.



Ou seja, além das FARC, de esquerda, há na Colômbia a AUC, de direita. Curiosamente a mídia não noticia as ações, não menos absurdas do grupo paramilitar de direita.



A pacificação das guerrilhas era uma promessa eleitoral do ex-presidente Andrés Pastrana. Assim que assumiu o poder, em 1998, ele retira o Exército de uma área de 42 mil km², entregando-a às FARC-EP, como condição para a abertura de conversações, ocorrida em janeiro de 1999. Desde então, o diálogo é suspenso e retomado em várias ocasiões, mas um acordo de cessar-fogo fracassa em julho de 2000. As FARC-EP reclamam da falta de ação do governo para conter os paramilitares direitistas das (AUC), que praticam massacres em áreas controladas pela guerrilha, fatos pouco noticiados pela imprensa.



Já os líderes do ELN se reuniram com representantes do governo em Genebra, em julho de 2000. Negociações anteriores, abertas em 1999, são abandonadas pelo ELN diante da recusa do governo em desmilitarizar uma área de 8 mil km². Em 2000, a liberação, por parte dos EUA, de 1,3 bilhão de dólares de em ajuda financeira para os programas anti-droga da Colômbia (Parte do Plano Colômbia) aumenta o temor da guerrilha de uma intervenção armada no país.



O atual presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, que usa de uma política de combate à guerrilha para manter bons índices de popularidade. Tal popularidade se encontra em processo de reversão desde, mas Uribe assim como os seus antecessores demonstra incapacidade, apesar de suas medidas, de acabar com as Farc que ainda possuem cerca de 40% do território colombiano, além disso, não pôs em prática um plano efetivo de combate à pobreza.



A questão posta à reflexão é: será que a humanidade ainda não é capaz de resolver conflitos por caminhos que não criem ou alimentem mais conflitos?

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[1] As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia–Exército do Povo (em castelhano Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia–Ejército del Pueblo), conhecidas pelos acrônimos FARC ou FARC-EP, é uma organização considerada terrorista de inspiração comunista ilegalmente armada que opera mediante uso de métodos de ação direta. Foi criada em 1964 como aparato militar do Partido Comunista Colombiano, sendo considerada pelo governo da Colômbia, pelo governo dos Estados Unidos e pela União Européia, entre outros, como uma organização terrorista por suas ações não apenas contra o governo, mas também contra civis e infra-estruturas. Com cerca de doze a dezoito mil membros (aproximadamente 20 a 30% deles são recrutas com menos de 18 anos de idade), as FARC-EP estão presentes em 35-40% do território colombiano, especialmente nas selvas do sudeste e nas planícies localizadas na base da Cordilheira dos Andes. As FARC-EP são dirigidas por um secretário, Manuel Marulanda Vélez, também conhecido como Tirofijo, e seis outros membros, incluindo o comandante militar Jorge Briceño, também conhecido por Mono Jojoy. É organizada juntamente às linhas militares e inclui diversas fontes urbanas. As FARC são classificadas como uma organização terrorista por muitos países, como os membros da União Européia e os Estados Unidos da América e pela Organização das Nações Unidas.






Mas as FARC se auto proclamaram uma organização político-militar marxista-leninista de inspiração bolivariana, com o que expressamente concorda o Presidente Hugo Chaves. A organização proclama representar a população rural contra as classes dominantes abastadas da Colômbia e se opõe à colonização neoliberal do Estados Unidos na Colômbia (particularmente o Plano Colômbia), privatização, expropriação de recursos naturais, corporações multinacionais e grupos paramilitares. As FARC argumentam que esses objetivos motivam os esforços do grupo pela tomada do poder na Colômbia através de uma revolução armada. Segundo os EUA, as FARC obtêm financiamento através de extorsões, seqüestros e tráfico de drogas.










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