No último sábado dia 28 de março eu e três amigos fomos ao estádio Brinco de Ouro assistir à Guarani e Corinthians, ou melhor, como éramos dois são paulinos um corintiano e eu, ilustre pontepretano. Fomos assistir ao fenômeno de audiência, além de ser o fenômeno do futebol, pretendíamos ver o Ronaldo, jogar.
Nunca vi problema nenhum em assistir um jogo de futebol para quem aprecia futebol. Mas, naquele sábado à noite parte da torcida bugrina viu problema nisso.
Logo que chegamos ouvimos berros de marginais, que para esconderem a insensatez e barbárie usam o anonimato da multidão e o rótulo de membros de torcidas organizadas. Eles gritavam “Olha o Gambá”, a procura de torcedores não bugrinos. Presenciamos atos de violência, quando um rapaz levou socos e pontapés porque não estava cantando o hino o clube, ironicamente o mesmo rapaz tirou do bolso sua carteirinha de sócio torcedor do GUARANI depois de ser agredido. Fomos também caçados dentro do estádio, ameaçados e sem segurança nenhuma de que sairíamos de lá ilesos, pura sorte. Fomos tratados como animais, caçados, contando com a sorte e com o nosso instinto.
Isso me remeteu ao projeto da Carteira do Torcedor que o Governo Federal está tentando implementar. Eles querem fazer um cadastramento de todas as pessoas que vão aos estádios. Ou seja, cada pessoa deve ter uma carteirinha que deve ser renovada anualmente.
Primeiramente acho louvável a iniciativa, finalmente, em combater essa barbárie no futebol. Afinal, no fundo, bem no fundo, é apenas futebol. É claro que pessoas temem a ida aos estádios, mas não é esse cadastramento que vai ajudar diminuir a violência nem dar mais segurança a quem freqüenta os jogos. Digo isso enumerando uma série de fatores.
Primeiramente, porque é um equivoco achar que todas as pessoas que vão ao estádio procuram violência. Não vou nem discutir o imenso trabalho burocrático que isso traria, além da falta de praticidade. Ora, seria preciso criar um novo núcleo de cadastramento, afugentaria os torcedores casuais que não se dariam ao trabalho de se cadastrar, o policial terá um trabalho a mais, além de cuidar da segurança terá garantir que as pessoas estejam em dia com suas carteirinhas, é mais fácil cadastrar quem cria problema do que cadastrar todos os torcedores, uma nova logística deveria ser implementada etc.
O problema não é a violência em si, é a violência também, mas principalmente os fatores que levam essas pessoas a se comportarem de forma violenta. Em outras palavras, a estrutura montada para garantir a segurança e satisfação dos torcedores é pífia. E como disse Oliver Seitz, PhD em Indústria do Futebol da Universidade de Liverpool, em seu artigo reproduzido no blog e Juca Kfouri: “Quem é tratado como animal age como animal.” E no Brasil os torcedores são tratados de tal forma. Rebanhados aos estádios, submetidos a condições deploráveis de higiene, banheiros com mau cheiro e sujos, lixo no chão, estádios com suas estruturas em condições lastimáveis etc.
O verdadeiro problema é esse. As condições em que a violência ocorre. Há uma frase de um grande pensador, Dr. Pedro Benedito Maciel Neto, que nos remete a grande reflexão: “Não se pode comer com os porcos sem se lambuzar”. Não se espera nada além de atitudes nojentas de quem habita num lugar nojento. Naquele dia no estádio do Guarani, não tinha garantias nenhuma de que poderia assistir ao jogo e voltar tranqüilo para casa. Às vezes as pessoas só querem assistir futebol, por incrível que pareça.
É claro que a violência, assim como as torcidas organizadas devem ser discutidas e combatidas. Mas aqui, meu principal interesse é mostrar que o torcedor é tratado como lixo, um lixo sem garantias. Com essa carteirinha ele não passará de um lixo, sem garantias e cadastrado.
Caio Carmona Maciel, 20, estudante de jornalismo na FACAMP. caiomaciel@hotmail.com
Nunca vi problema nenhum em assistir um jogo de futebol para quem aprecia futebol. Mas, naquele sábado à noite parte da torcida bugrina viu problema nisso.
Logo que chegamos ouvimos berros de marginais, que para esconderem a insensatez e barbárie usam o anonimato da multidão e o rótulo de membros de torcidas organizadas. Eles gritavam “Olha o Gambá”, a procura de torcedores não bugrinos. Presenciamos atos de violência, quando um rapaz levou socos e pontapés porque não estava cantando o hino o clube, ironicamente o mesmo rapaz tirou do bolso sua carteirinha de sócio torcedor do GUARANI depois de ser agredido. Fomos também caçados dentro do estádio, ameaçados e sem segurança nenhuma de que sairíamos de lá ilesos, pura sorte. Fomos tratados como animais, caçados, contando com a sorte e com o nosso instinto.
Isso me remeteu ao projeto da Carteira do Torcedor que o Governo Federal está tentando implementar. Eles querem fazer um cadastramento de todas as pessoas que vão aos estádios. Ou seja, cada pessoa deve ter uma carteirinha que deve ser renovada anualmente.
Primeiramente acho louvável a iniciativa, finalmente, em combater essa barbárie no futebol. Afinal, no fundo, bem no fundo, é apenas futebol. É claro que pessoas temem a ida aos estádios, mas não é esse cadastramento que vai ajudar diminuir a violência nem dar mais segurança a quem freqüenta os jogos. Digo isso enumerando uma série de fatores.
Primeiramente, porque é um equivoco achar que todas as pessoas que vão ao estádio procuram violência. Não vou nem discutir o imenso trabalho burocrático que isso traria, além da falta de praticidade. Ora, seria preciso criar um novo núcleo de cadastramento, afugentaria os torcedores casuais que não se dariam ao trabalho de se cadastrar, o policial terá um trabalho a mais, além de cuidar da segurança terá garantir que as pessoas estejam em dia com suas carteirinhas, é mais fácil cadastrar quem cria problema do que cadastrar todos os torcedores, uma nova logística deveria ser implementada etc.
O problema não é a violência em si, é a violência também, mas principalmente os fatores que levam essas pessoas a se comportarem de forma violenta. Em outras palavras, a estrutura montada para garantir a segurança e satisfação dos torcedores é pífia. E como disse Oliver Seitz, PhD em Indústria do Futebol da Universidade de Liverpool, em seu artigo reproduzido no blog e Juca Kfouri: “Quem é tratado como animal age como animal.” E no Brasil os torcedores são tratados de tal forma. Rebanhados aos estádios, submetidos a condições deploráveis de higiene, banheiros com mau cheiro e sujos, lixo no chão, estádios com suas estruturas em condições lastimáveis etc.
O verdadeiro problema é esse. As condições em que a violência ocorre. Há uma frase de um grande pensador, Dr. Pedro Benedito Maciel Neto, que nos remete a grande reflexão: “Não se pode comer com os porcos sem se lambuzar”. Não se espera nada além de atitudes nojentas de quem habita num lugar nojento. Naquele dia no estádio do Guarani, não tinha garantias nenhuma de que poderia assistir ao jogo e voltar tranqüilo para casa. Às vezes as pessoas só querem assistir futebol, por incrível que pareça.
É claro que a violência, assim como as torcidas organizadas devem ser discutidas e combatidas. Mas aqui, meu principal interesse é mostrar que o torcedor é tratado como lixo, um lixo sem garantias. Com essa carteirinha ele não passará de um lixo, sem garantias e cadastrado.
Caio Carmona Maciel, 20, estudante de jornalismo na FACAMP. caiomaciel@hotmail.com
Todos nós temos o Direito de ir e vir garantido pela Constituição. O que acontece nos Estádios é crime!
ResponderExcluirConcordo com você. Acho que a carteira não vai pegar, como dizíamos a respeitos das leis (não dizemos mais, porque hoje poucos acreditam nas leis). Já fui um torcedor assíduo, hoje frequento pouco. De minha parte, não me daria ao trabalho de fazer tal cadastro, até por duvidar que as informações seriam mantidas em sigilo. Por outro lado, acho que a PM é incompetente para atuar em eventos que atraiam multidões. São truculentos e despreparados. Em casos de confusão, agridem aleatoriamente qualquer um que esteja próximo, independente de estar causando confusão ou não.
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