“Vós sabeis, queridos
jovens universitários,
que não
se pode viver sem olhar para os desafios.
[...] Por favor, não
olheis para a vida da varanda! Misturai-vos lá, onde
estão os desafios...”.
(Papa
Francisco)
Começou a tramitar na
Câmara de Campinas projeto que, além de inconstitucional, gera polêmica
corrosiva.
O projeto, de autoria
do vereador Tenente Santini (o mesmo que deseja o retorno da ditadura militar),
propõe regras inspiradas na ideia da Escola
sem partido e, entre tantas bobagens e restrições, proíbe o professor de
estimular que alunos participem de manifestações, atos públicos ou passeatas.
Bem, ideias estúpidas seguem encantando
imbecis de todo gênero... Assim é o tal “Programa Escola sem Partido”, um monstrengo
apresentado como iniciativa de estudantes e pais, que estariam preocupados com
o grau de contaminação político-ideológico das escolas brasileiras, em todos os
níveis. Mas não se trata disso, é apenas mais um exemplo da inflexão
conservadora, mais um movimento que busca afirmar sua própria ideologia e o faz
de forma dissimulada.
Tentando apresentar-se ideologicamente asséptica a
ideia revela-se ideológica e partidária quando a nega o valor e importância transcendente
que a visão critica da realidade oferece a todos, possibilitando que tomemos nossas
decisões a partir de reflexão livre. Negar o valor da visão critica de mundo é
condenar uma geração toda à mediocridade e à escravidão intelectual.
A câmara de
vereadores de Campinas, palco de debates fundamentais ao longo da História,
vê-se debatendo um projeto estúpido que pretende implantar uma espécie
de macarthismo em nossas escolas, uma odiosa censura, uma vigilância
policialesca a conteúdos apresentados pelos professores.
Esse projeto propõe-se a defender princípios tais como neutralidade
política, ideológica e religiosa do Estado, pluralismo de ideias no ambiente
acadêmico, liberdade de consciência e de crença, mas coloca, na prática, o
professor sob constante vigilância, principalmente para evitar que afronte as
convicções morais dos pais. Mas quais seriam as convicções morais do
país afrontadas, segundo os zelosos estudantes e pais, ou segundo o edil?
A Constituição
Federal responde essa questão. No seu artigo 205 a CF traz como objetivo
primeiro da educação o pleno desenvolvimento das pessoas e a sua capacitação
para o exercício da cidadania para, em seguida, enunciar também que o propósito
do processo educacional é a qualificação para o trabalho.
Não há enunciados inúteis em
nossa constituição.
A ordem posta (1º capacitação para a cidadania
e 2º qualificação profissional) não está ao acaso. Nossa constituição busca
orientar a atuação estatal dentro de uma visão e ação plural da sociedade
nacional.
Noutras palavras, a escola é
espaço livre para a construção da cidadania, espaço onde se colocam livremente
as ideias num processo dialético e mágico, um processo formativo da cidadania,
uma cidadania fundada no respeito e pluralidade; esse é o país que nossos
constituintes indicaram um caminho que não se pode alterar com leis ordinárias
oportunistas.
O Projeto de Lei da “Escola sem
Partido”, assim como o tal “Programa Escola sem Partido”, seguidos pelo edil de
Campinas, mentem descaradamente quando propõe uma “neutralidade ideológica”. A "neutralidade ideológica" é uma impossibilidade,
temos que defender a pluralidade das ideias, a rica diversidade como processo
necessário de construção cotidiana da cidadania e o respeito como fundamento.
O que esse tal “Programa Escola
sem Partido” pretende é impor sua ideologia promovendo crenças e valores
compatíveis com ela, desqualificando ideias que possam desafiar suas certezas e
excluindo formas colidentes com o seu pensamento. Esse tal “Programa Escola sem
Partido” obscurece a realidade social de modo a favorecer sua própria ideologia.
Outro aspecto a ser observado é
que não há ideologia neutra. Ao contrário a ideologia é uma forma de pensamento
de identidade, que expulsa para além de suas fronteiras singularidade,
diferença e pluralidade, noutras palavras o oposto da ideologia não é a
“verdade” ou a “teoria”, mas a heterogeneidade.
Por isso o projeto de lei do vereador Santini é
retrato do inconformismo dos derrotados em 1988 e o discurso que procura
qualificá-lo flerta com o mau-caratismo tão próprio daqueles que combatem a
vitória das diversas lutas emancipatórias contempladas em nossa constituição.
Nesses tempos sombrios uma de
nossas tarefas é a defesa de uma sociedade aberta a múltiplas e diferentes
visões de mundo; manter a escola como espaço estratégico para a emancipação política,
convivência com a diversidade, entendimento global e a construção de uma
cultura de paz e respeito.
Ademais, como muito bem alertou
o MPF a iniciativa legislativa nasce eivada de inconstitucionalidades, pois o
projeto de lei que quer implementar a tal Escola
Sem Partido é inconstitucional, pois impede o pluralismo de ideias e de
concepções pedagógicas, nega a liberdade de cátedra e a possibilidade ampla de
aprendizagem e contraria o princípio da laicidade do Estado.
E, apesar da necessária da laicidade do Estado, concluo citando o
Papa Francisco que num discurso aos estudantes e professores das Escolas Italianas,
em 2014 afirmou que “Os professores são
os primeiros que devem permanecer abertos à realidade com a mente sempre aberta
para aprender. Pois, se um professor não está aberto para aprender, não é um
bom professor, e nem sequer é interessante; (...) que as instituições acadêmicas católicas não se isolem do mundo, mas
saibam entrar intrepidamente no areópago das culturas contemporâneas e
estabelecer um diálogo, conscientes do dom que podem oferecer a todos”.
E o Papa Francisco conclui dizendo que: “Amo a escola porque é sinônimo de abertura à
realidade. Pelo menos assim deveria ser! [...] ir à escola significa abrir a
mente e o coração à realidade, na riqueza dos seus aspectos, das suas dimensões”.
Observe esses vídeos curtinhos sobre política e a língua inglesa. O falar de um idioma estrangeiro:
ResponderExcluir1°. https://www.oantagonista.com/tv/video-mourao-gastando-o-ingles-na-bbc/ [FABULOSA PRONÚNCIA do indígena brasileiro].
2°. https://youtu.be/9Canz7cfGyk -- Dilma passa vexame e envergonha o Brasil ao receber perguntas em inglês na ONU [inglês MEDÍOCRE da búlgara].
Os Petistas têm o #Helenão; o Brasil tem o #Mourão. kkkkkk