A interinidade de Temer não o autorizaria,
legal ou eticamente, a grandes movimentos e mudanças, mas é da natureza dos
traidores, dos conspiradores e dos golpistas relativizar a lei e a ética; essa
relativização retirou os freios necessários e coisas do “arco da velha” vem
sendo apresentadas pelo desgoverno desse senhor.
Uma das bobagens propostas é a extinção da
Empresa Brasileira de Comunicação. Logo a EBC, empresa pública, criada em 2007
para gerir as emissoras de rádio e televisão públicas
federais. Empresa é responsável pela TV
Brasil, TV Brasil Internacional, Rádios EBC, Agência Brasil, Radioagência
Nacional, Portal EBC, produzindo conteúdos de qualidade e fazendo a diferença
no país.
A ECB cuida de um bem ou valor de interesse
público, a comunicação pública; ela [a Comunicação
pública] é um conceito que começou a ser discutido há pouco tempo, e, portanto,
ainda está em processo de construção.
A comunicação pública permeia áreas como: comunicação organizacional,
comunicação científica, comunicação governamental, comunicação política e comunicação
da sociedade civil organizada; essas têm em comum a função de estabelecer uma
comunicação entre governo, Estado e sociedade.
Nessa linha, e tentando compreender a amplitude da comunicação pública,
é possível afirmar que o tal Eliseu Quadrilha,
digo, Padinha não tem noção de qual é o papel da comunicação pública; fala em evitar a concorrência
com emissoras privadas e que o governo não tem interesse em concorrer com a
mídia privada. Quanta ignorância...
Caro senhor “Quadrilha”, digo, Padilha as emissoras
públicas, que existem em vários países do mundo e visam oferecer comunicação de
qualidade, livres dos ditames dos mercados e dos interesses políticos e
econômicos das famílias midiáticas que controlam grandes conglomerados de comunicação
e, com esse poder, influem no processo político.
É
possível um paralelo com a NOMIC, ou Nova Ordem Mundial de Comunicação. Ela
surgiu no fim da década de 70, na UNESCO, como forma de garantir o direito à
democracia, cidadania e liberdade de expressão para todos. Essa Nova Ordem Mundial da Informação e Comunicação é um projeto
internacional de reorganização dos fluxos globais de informação por meio de diversas ações de governo
e do terceiro setor.
Em 1977, uma comissão internacional desta organização iniciou um estudo
sobre os problemas da comunicação no mundo e produziu três anos depois
um documento — o chamado Relatório MacBride — propondo mudanças e estratégias
para redistribuir e equilibrar os fluxos de informação entre países ricos e
subdesenvolvidos. No entanto, a forte oposição por parte das organizações
privadas de mídia, a partir de
então, acabou relegando o projeto ao esquecimento.
Nas décadas seguintes, a UNESCO
praticamente substituiu a NOMIC em sua agenda política por outros temas, como democratização da comunicação, sociedade da informação
e inclusão digital.
Senhor Quadrilha, digo,
Padilha empresas como a EBC existem em vários países do mundo, como França,
Espanha e Inglaterra, e tem por objetivo oferecer comunicação pública de
qualidade, com liberdade e sem distorções; não se trata de concorrer com a mídia
privada, os conteúdos e interesses não são coincidentes ou necessariamente colidentes.
A comunicação pública é singular e distingue-se das
demais por portar o interesse coletivo, ou seja, por colocar o interesse do
público acima dos particulares (tanto nos negócios quanto na política) e é
fruto do debate público, além de estimulá-lo. Há quem afirme que as transformações
geradas na sociedade a partir da implantação da comunicação pública só são
visíveis á longo prazo, pois a comunicação pública não visa apenas fornecer
informações imediatas, mas também visa qualificar o cidadão para que exerça seu
poder crítico e participativo.
É assim que ocorre
a construção da cidadania, pois quando um assunto entre na arena pública, ele
passa a integrar a agenda pública, tendendo a ser requalificado em termos
cognitivos e normativos e a imprensa é a principal fonte de execução da comunicação
pública (os assuntos públicos passam a entrar na mídia por portarem o interesse
coletivo). Entretanto, somente os grupos hegemônicos podem se manifestar nela.
Nesse sentido, a comunicação pública serve para dar voz a todas as classes e
gerar espaços alternativos de discussão.
Eventual extinção
da EBC é um crime, mais um, cometido por representantes e vassalos de uma elite
imoral e autoritária, sem agenda, sem projeto e servil aos interesses privados.
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