Acredito que as delações concedidas aos
aristocratas da republica de Curitiba (censuráveis por que ilegais na forma em que são obtidas, pois ignoram direitos fundamentais)
são, na mesma proporção, devastadoras e pedagógicas.
Apresentam-se como devastadoras porque revelaram a mentira sob a qual se funda as
relações públicas e privadas, o financiamento de partidos e campanhas
eleitorais, sua natureza de indignidade, a estruturação do Caixa 2, os presumíveis
sobre-preços impostos aos custos das obras e serviços públicos e como se forma
a riqueza privada a partir da apropriação ilegal de recursos públicos.
São também pedagógicas na medida em que revela o quanto o sistema de
financiamento empresarial de campanha transformou agentes públicos e privados
em esquizofrênicos sociais e banalizou o mal;
o mal
banalizado decorre da sua transformação em algo legalizado e institucionalizado
pelo sistema político.
A doação empresarial e o patrimonialismo estão
na raiz da corrupção, estão na gênese da desumanização, do caos, nas atitudes
maléficas.
Mas a idéia de que estamos num momento de
destruição das estruturas e instituições é equivocada; penso que tudo que ocorre,
mesmo que seja por razões e na extensão que ainda não compreendemos, tem valor
e sua dialética haverá de lançar a nação a um estado melhor, pois as coisas não
podem ser como pensou Maniqueu, filósofo cristão do século III,
que dividia o mundo simplesmente entre Bom e Mau.
Há reformas fundamentais,
mas a primeira e essencial é a reforma política.
A presidência da
república, o congresso e o STF estão sob suspeição, isso é inegável, por isso cabe
ao povo brasileiro a decisão sobre o futuro do Brasil; me refiro à necessidade
de ser realizada uma consulta popular acerca da realização, ou não, de novas
eleições ainda esse ano, eleições para a presidência e para renovação do
congresso nacional; essa pode ser a única saída legitima e válida para superar
a crise institucional e preservação da democracia.
A
convocação é atribuição do Congresso Nacional.
Bem,
um Golpe de Estado afastou temporariamente a Presidente eleita, setores do
Legislativo, do Judiciário, da aristocracia urbana e da mídia (esta
representante leal da FEBRABAN e da FIESP) usam diversas artimanhas para apear
definitivamente a presidente eleita com 54 milhões de votos, e colocar no seu
lugar um fantoche, um conspirador patético e domesticado.
Fato
é que o golpe é contra o povo e a nação,
pois não se defende a democracia corrompendo-a, não se combate a corrupção com
corruptos, pois toda agressão à democracia despe de legitimidade aqueles que
dizem desejar apenas enfrentar os problemas do país.
É
necessário encontrar saídas que apontem para o retorno da normalidade
democrática. Neste sentido acredito que a Frente Brasil Popular deve abrir o
debate acerca da proposta de um plebiscito que convoque imediatamente novas
eleições, essa é a posição honesta, a posição a ser defendida.
O
caminho válido nos obriga a resgatar a soberania do voto; é necessário
consultar o povo brasileiro de maneira formal, o eleitor deve opinar acerca da
pertinência de serem convocadas eleições diretas ou não para a Presidência da
República e para o congresso nacional, um congresso presidido por réus em
processos que apuram corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha,
dentre outros crimes.
O
vice-presidente Temer não tem legitimidade, não tem voto popular e é induvidoso
o uso do impeachment nesse caso, pois não há crime de responsabilidade e ele
está sendo usado como um instrumento de verdadeira eleição indireta; Temer e sua
horda são co-autores desse assalto às instituições democráticas, por isso Dilma
tem que voltar, reassumir o mandato que o povo lhe concedeu, consultar a
população e, se essa for a orientação popular, conduzir eleições gerais contra
a banalização do mal.
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