Depois
da turbulência gerada pelos fatos que envolveram o SANTANDER e o tal Empiricus
Research e suas análises, de caráter ideológico e de eleitoral é pertinente
respondermos as seguintes perguntas: Para
quem eles falam? A interesse de quem falam esses senhores?
Antes
vale a pena dizer que o ministro da Fazenda,
Guido Mantega, descartou o risco de recessão para a economia brasileira neste
ano.
Apesar de o Produto Interno Bruto (PIB) ter crescido 0,2% no
primeiro trimestre deste ano, em ritmo menor que no quarto trimestre do ano
passado, o ministro disse que não há possibilidade de o País fechar 2014 com
índices negativos e quem fala em recessão está equivocado. Para o ministro,
apesar de aumentar o volume de recursos em circulação (refere-se à decisão do
Banco Central de injetar R$ 45 bilhões na economia – R$ 30 bilhões da liberação
de compulsórios e R$ 15 bilhões de redução de riscos de crédito) a medida
reativará a demanda sem pressionar a inflação. A inflação estaria em queda e
continuará a cair nos próximos meses. A redução do preço dos alimentos, que
pressionaram os índices no primeiro semestre, contribuirá para trazer a
inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para
abaixo do teto da meta, de 6,5%, até o fim do ano.
O SANTANDER enviou aos
seus clientes de alta renda um relatório que apontava risco de
deterioração da economia caso a candidata do PT se estabilize na liderança das
pesquisas de intenção de voto. Esse relatório foi de fato uma interferência da
instituição financeira, a qual depois se retratou publicamente. Por que uma interferência?
Por que o
SANTANDER não tem compromisso com a nação, aliás, nenhum banco ou banqueiro o
tem. O compromisso deles é com seus acionistas e investidores, é para essa
gente que esses senhores falam e não para o povo brasileiro, por isso é de fato
ilegal e inadmissível para qualquer país, principalmente um país que é a sétima
economia do mundo, aceitar qualquer nível de interferência de qualquer
integrante do sistema financeiro de forma institucional na atividade eleitoral.
E há a agravante de a imprensa reproduzir a opinião
desses economistas e analistas dos bancos e das tais consultorias sem dizer
“para quem de fato eles falam” e a interesse de quem eles falam. A imprensa não
tem cumprido adequadamente o seu papel de informar. O que está em disputa são
dois projetos, duas visões de mundo diferentes: o DESENVOLVIMENTISMO e o
NEOLIBERALISMO, essa é a verdade.
Gente séria analisa de forma bastante otimista a
economia brasileira.
economista Jim O’Neill, criador do BRIC, afirma que
apesar do fraco desempenho registrado no PIB desde a segunda metade do ano de
2011 é necessário, se quisermos fazer uma análise honesta, colocar o resultado
desapontador de 2011 e 2012 no contexto do ciclo brasileiro. Em 2001, 2002 e
2003 o Brasil cresceu, respectivamente, 1,3%, 2,7% e 1,1% e a partir daí
acelerou. Noutras palavras, não é possível avaliar o baixo crescimento desses
dois últimos anos fora desse contexto e sem analisar-se também a crise pela
qual passa o capitalismo mundial. Jim O’Neill afirma ainda que há condições de
projetar-se um crescimento de 4% para os próximos anos, percentual ainda abaixo
da possibilidade, mas indicativo de uma tendência.
E a
disputa é entre dois projetos antagônicos, o liberal versus o
desenvolvimentista, o mercado versus o Estado, a focalização exclusiva nos mais “pobres” versus a universalização dos direitos da cidadania,
os valores do Estado mínimo versus os
do Estado de bem-estar. Os direitos sindicais e laborais versus as relações de trabalho flexíveis, como
escreveu Eduardo Fagnani, e os banqueiros e consultorias não tem NENHUM
compromisso com o país, apenas com o lucro, mesmo que isso custe à nação, noutras
palavras, mesmo que custe às pessoas comuns que não são os “seus
clientes de alta renda” e para esses que eles falam.
Comentários
Postar um comentário