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homenagem a Bileo Soares um Guerreiro


Conheço Biléo há quase 30 anos... Estivemos no congresso da UNE em 1982, lutamos juntos pelas "Diretas-Já" em 1984, pelo impeachment do Collor em 1992, pela derrota da direita no Estado em 1990 e em 1994. 

Divergimos muito também, mas nunca brigamos, nem nos desentendemos porque vemos a alma um do outro... E posso afirmar que Biléo tem uma alma linda e iluminada, capaz de iluminar tanto e todos com generosidade rara.

O que temos em comum? Amamos a política, a democracia, e fundamentalmente nossas famílias e o nosso amor de irmão sempre esteve acima de divergências, pois sempre houve comunhão ética.



Por isso tudo posso dizer que Biléo Soares lutou como guerreiro generoso e se, aparentemente, não venceu a ultima batalha ele nos legou os exemplos do otimismo e da confiança.  

Estou triste, muito triste, é importante registrar a história validamente. Conheci Bileo em 1.982, estávamos cursando Direito na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais da PUC Campinas eu com 18 anos acreditava na eternidade, nas múltiplas possibilidades de felicidade, afinal a cada dia descobria tantas coisas, conhecia tanta gente boa que como eu sonhava em fazer a diferença no mundo e tudo começava lá, no nosso mundo, no Pátio dos Leões da PUC Central.

Bem, naquele ano vencemos com o seu apoio as eleições para o Diretório Acadêmico XVI de Abril, estivemos nos congressos da UEE, UNE e no ENED – Encontro Nacional dos Estudantes de Direito, eu como delegado e ele como militante do PMDB, sempre representando com extrema responsabilidade o ex-prefeito Magalhães Teixeira. Foi em 1982 comecei o meu estágio no escritório do nosso Professor Francisco Isolino de Siqueira e conheci Celinha, amor da minha vida, minha mulher, companheira justa e generosa.

Naquele ano mágico eu lutava pela eleição de Lula para o Governo de São Paulo e de Jacó Bittar para o Senado, mas o eleito foi o então Senador Franco Montoro, a quem Biléo apoiava.

Acredito na sorte como sendo uma força divina reguladora dos acasos, e um desses acasos nos aproximou e nos tornamos amigos de verdade. 

Eu no PT, ele no PMDB (depois ele ajudou a fundar o PSDB) nem sempre tínhamos a mesma opinião sobre muitas coisas, mas o afeto e o respeito sempre foi o fundamento era nosso relacionamento.

Nessa linha não é exagero afirmar que Biléo Soares foi um exemplo de pessoa com muitas virtudes, aliás, o tema das virtudes é clássico na Filosofia Moral e não é demais lembrar que as virtudes não dizem diretamente respeito às ações morais, mas aos traços de caráter desejáveis para que elas sejam realizadas. Mais ainda, em certos sistemas éticos, como o de Aristóteles, algumas são evocadas como condição necessária para o alcance e usufruto da "vida boa".

Das virtudes de Biléo eu poderia escrever sobre a sua polidez, sua honestidade, seu senso de justiça, o quanto ele valoriza a amizade... Poderia me arriscar a dizer o quanto lhe custou pessoalmente ser leal e fiel, mas ele não aprovaria minha opinião nesse quadrante. “Não me custou nada”, diria ele sempre generoso, sempre com os olhos no amanhã.



Todas essas virtudes confiram a Biléo marca indelével à sua vida pessoal e política, mas essas são apenas virtudes humanas e a sua virtude mais marcante foi a generosidade uma virtude divina, segundo o filosofo Comte-Sponille.

Mas o que é ser generoso? O que a generosidade? A generosidade é a virtude do dom.

Pessoas generosas como Biléo são naturalmente justas, mas tem também a capacidade divina de perceber que não basta “atribuir a cada um o que é seu”, como dizia Spinoza a propósito da virtude da justiça, mas vão além e oferecem a quem necessita não apenas o que lhe cabe, mas o que lhe falta. Assim foi Biléo Soares uma pessoa de alma generosa, capaz de renunciar ao que por direito lhe pertence entregando o que é seu por entender que o outro necessita, que ao outro falta algo.

E por que Biléo foi assim? 
Porque ele tinha consciência da nossa finitude e talvez isso lhe emprestasse grandeza, e importância. Porque Biléo era liberto de bobagens como vaidade e orgulho. Porque ele tinha consciência de si mesmo como irmão de todos, porque é dono de uma alma livre e responsável. E de dor tenho que dizer foi um orgulho tê-lo afetiva e genuinamente amigo. Biléo foi um guerreiro do qual temos que nos orgulhar, especialmente pela forma digna que conduziu a batalha.

A generosidade, como todas as virtudes é plural, e nesse sentido a generosidade de Biléo é igualmente plural, ela é também coragem, heroísmo, equidade, compaixão, benevolência, misericórdia e doçura. A generosidade de Bileo é, em síntese: bondade.

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